quarta-feira, 2 de julho de 2014

Com muito orgulho, com muito amor.


Um dia, pelo menos um dia, uma minoria branca e endinheirada conseguiu fazer com que todos nós sentíssemos vergonha de sermos brasileiros

Por Lelê Teles
2 de julho de 2014

Um dia, uma mulher ousou enfrentar os militares, um bando de valentões covardes e torturadores que espancavam adolescentes e mulheres, e assassinavam compatriotas a sangue frio.
Ela lutou pela democracia contra os milicos sem voto, os que surrupiaram o poder

Uma minoria reacionária, viúvas dos milicos que tocaram o terror, a chama de terrorista.
Um dia, essa mulher que foi presa e torturada pelos valentões covardes, saiu da prisão e lutou pelos seus ideais. Forte e determinada, decidiu, um dia, que uma mulher poderia, sim, ser presidenta da república e cuidar do destino da nação.
Ganhou no voto, numa democracia que ela lutou para implantar.


Até hoje, uma minoria abjeta, obtusa, delirante, paranoica e oligofrênica a acusa de tentar implantar uma ditadura comunista no Brasil.
Um dia, essa presidenta, ao enxergar a grandeza deste país e deste povo, procurando levantar a autoestima de sua gente, resolve mostrar ao país que finalmente, desde que chegaram aqui as caravelas, a nação começou a ter mobilidade social.
Uma minoria de ventríloquos midiotas e reacionários passou a papagaiar que trata-se de populismo assistencialista e que tem gente parindo filho só pra receber benefícios do estado.
Um dia, essa presidenta resolve enfrentar os factóides e as fofocas desinformativas da mídia familiar e bilionária, e mostra que milhões de brasileiros ascenderam economicamente, tiveram acesso ao ensino superior, a empregos, a melhores salários, a casa própria, automóvel...
Uma minoria de sabotadores do progresso, os que há séculos escravizam o povo negro, subjugam as mulheres, sonegam impostos, expatriam nossas riquezas e sentem vergonha do país que eles envergonham, disse que tudo isso é manipulação e que o governo é corrupto, sem dizer que não existe corrupto sem corruptor, sem dizer que eles, os ricos, são os corruptores incuráveis.
Um dia, essa presidenta acreditou que era chegada a hora dessa imensa maioria de brasileiros, que segundo pesquisas, é uma das mais felizes do mundo e uma das que mais acreditam no futuro, abrir os braços para receber o mundo, como quem abre as portas de casa para receber a visita de amigos.
Uma minoria de urubólogos previu o caos, se dizia envergonhada de ser brasileira, que éramos feios e sujos, incompetentes e corruptos, e tentou, essa minoria, sabotar a grande festa.
Mas deram com os burros n'água. Há festa e quem é de alegria está alegre, quem é de felicidade está feliz e o mundo está encantado com a nossa beleza sorridente.
Mas nesse primeiro dia, quando a presidenta abriu as portas da nação para que o mundo entrasse, uma minoria ridícula, branca e endinheirada, a plenos pulmões, xingou a chefe da nação diante de mais de 3 bilhões de pessoas mundo afora.
Uma minoria revoltada porque lhe tiraram das mãos as rédeas e os chicotes e só lhes resta como açoite a língua.
Uma dia, uma presidenta foi achincalhada por uma minoria branca e endinheirada, uma gente que não sentiu vergonha em xingar uma mulher na frente de uma multidão.
Um dia, pelo menos um dia, essa minoria conseguiu fazer com que todos nós sentíssemos vergonha de sermos brasileiros.

Mas no dia seguinte, já estávamos felizes e orgulhosos novamente, para o desespero de uma minoria midiota, branca e endinheirada; escravagista e machista, paranoica e oligofrênica, demofóbica e deslocada.