domingo, 13 de julho de 2014

Fundação do estado de Israel e o Brasil






Escrever sobre Israel é uma tarefa muito difícil, pois a história de Israel se confunde com a história da humanidade.
O que muitas pessoas não sabem, é que na história de Israel, um brasileiro tem um papel de destaque. Trata-se do diplomata Osvaldo Aranha (1894 – 1960). Ele foi uma peça importantíssima na criação do atual Estado de Israel.
Osvaldo Euclides de Sousa Aranha

Mas primeiro vamos entender como os judeus ficaram sem uma pátria.
No ano de 63 a C. Israel foi conquistado pelo Império Romano e a convivência com Roma foi marcada por diversas revoltas. Na última delas em 132, eles foram expulsos de sua terra, que passou a ser denominada de Síria Palestina, com o objetivo de apagar o passado judaico da região. Por causa disso a presença dos judeus em sua própria terra foi diminuindo gradativamente.
Posteriormente a região pertenceu ao Império Bizantino, Turco Otomano, até que após a Primeira Guerra passou para o domínio Britânico.

Após a Segunda Guerra, havia uma comoção muito grande para que os judeus tivessem uma pátria, em virtude do Holocausto. Alguns lugares foram sugeridos para a criação de um Estado judeu, inclusive na África. Porém os judeus achavam que só se sentiriam seguros se sua pátria fosse na Palestina, seu lugar de origem.
O governo Britânico se declarando incapaz de resolver a questão, deixou a cargo da recém criada Organização das Nações Unidas (ONU) decidir o que seria feito com a Palestina.
E é ai que começa a participação brasileira na criação do Estado de Israel.


Em 1947 o Presidente Eurico Gaspar Dutra nomeia Osvaldo Aranha como Chefe da Delegação Brasileira junto a ONU. Ele acaba sendo nomeado Presidente da Assembléia Geral da ONU, que iria decidir a questão Palestina.
Após longas discussões foram apresentadas duas propostas: A primeira era a partilha da Palestina, criando um estado judeu e outro árabe. A segunda, proposta pelos países árabes, era da independência imediata da Palestina, uma vez que 70% da população era formada por árabes.
Em 25 de novembro houve uma votação a favor da partilha da Palestina e a liberação da migração de judeus para a região. O resultado dessa votação seria recomendado para a Assembléia Geral. Não era necessário dois terços para sua aprovação. O resultado foi de 25 votos a favor, 13 contra e 17 abstenções.
Votaram a favor: Austrália, Bolívia, Brasil, Canadá, Costa Rica, Tchecoslováquia, Chile, Dinamarca, Equador, Estados Unidos da América, Guatemala, Islândia, Nicarágua, Noruega, Panamá, Peru, Polônia, República Dominicana, República Socialista Soviética da Bielorrússia, República Socialista Soviética da Ucrânia, Suécia, União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, União Sul-Africana, Uruguai e Venezuela.
Votaram contra: Afeganistão, Arabia Saudita, Cuba, Egito, Índia, Irã, Iraque, Líbano, Paquistão, Tailândia, Síria, Turquia e Iêmen.
Abstenções: Argentina, Bélgica, Colômbia, China, El Salvador, Etiópia, França, Grécia, Haiti, Honduras, Libéria, Luxemburgo, México, Nova Zelândia, Países Baixos, Reino Unido e Iuguslávia.
Ausentes: Filipinas e Paraguai.
Apesar do resultado favorável à partilha, a votação na Assembléia Geral iria acontecer no dia seguinte, e para ser aprovada eram necessários dois terços dos votos, o que claramente não iria acontecer.
A votação deveria acontecer no dia seguinte e os sionistas (movimento que apóia a existência de um Estado Judeu) fizeram uma manobra que mudaria completamente o rumo da história.
Sabendo que não obteriam os dois terços necessários, a intenção era ocupar a tribuna fazendo discursos o maior tempo possível para que a votação atrasasse. O representante Uruguai, Enrique Rodríguez Fabregat, fez bem esse papel discursando por um longo tempo. Foi então que Osvaldo Aranha tomou uma atitude fundamental para a criação do Estado Judeu. Ele suspendeu a Assembléia, alegando que não haveria mais tempo para a votação, mesmo após os delegados árabes retirarem seus nomes da lista de oradores. No entanto eram em torno 18:30 e muito comum que as votações se entendessem até a meia noite. O que ele queria na verdade, era ganhar tempo para convencer os países a votarem a favor.
Começava agora uma corrida contra o tempo nos bastidores. Telefones e telegramas corriam por todos os continentes. Os sionistas trabalhavam para conseguir os votos que faltavam para a aprovação. Era necessário convencer diversos países da América Latina, e julgava-se mais difícil convencer a França e a Bélgica. Os árabes, por sua vez, trabalhavam para que a votação fosse iniciada o mais breve possível.
Um argentino chamado Moshe Tox teve um papel importante para convencer os países da América Latina. Ele passava o dia ao telefone tentando convencer os representantes de seus países a votar a favor enquanto seus emissários corriam por toda a parte do continente. A pressão feita era tanta que foram dados casacos de vison para as esposas dos delegados latino-americanos, e até talões de cheques em brancos.
No dia seguinte era feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos e não houve sessão. No outro dia o representante francês solicitou mais 24 horas de adiamento, que foi aceito pelo brasileiro. Todo esse tempo foi crucial para que os sionistas conseguissem os votos necessários.
No dia seguinte, 29 de novembro de 1947, o embaixador da Tailândia, deixou Nova York às pressas, alegando um princípio de revolução em seu país. Na verdade foi a maneira que ele encontrou para fugir da pressão tanto dos sionistas como dos árabes.
Osvaldo Aranha abre a sessão e após alguns discursos começa a votação. Os países foram chamados por ordem alfabética e os votos iam se alternando entre sim e não. Mas a vitória sionista já estava evidente. No final Aranha declara: 33 votos a favor, 13 contra, 10 abstenções e 1 ausência.
Votaram a favor: África do Sul, Austrália, Bélgica, Bolívia, Brasil, Bielorússia, Canadá, Checoslováquia, Costa Rica, Dinamarca, Equador, Estados Unidos, Filipinas, França, Guatemala, Haiti, Holanda, Islândia, Libéria, Luxemburgo, Nicarágua, Noruega, Nova Zelândia, Panamá, Paraguai, Peru, Polônia, República Dominicana, Suécia, Ucrânia, União Soviética, Uruguai e Venezuela.
Votaram contra: Afeganistão, Arábia Saudita, Cuba, Egito, Grécia, Iêmen, Índia, Irã, Iraque, Líbano, Paquistão, Síria e Turquia.
Abstenções: Argentina, Chile, China, Colômbia, El Salvador, Etiópia, Honduras, Iugoslávia, México e Reino Unido.
Ausência: Tailândia.
Em todo lugar do mundo, judeus se abraçavam comemorando esse fato histórico. Após quase 2000 anos depois de eles terem sido expulsos pelos romanos, enfim eles poderiam voltar para sua terra.
Existe uma falsa informação de que houve empate na votação, e que Osvaldo Aranha deu o voto de minerva para decidir a questão, mas essa informação não é verdadeira.
Osvaldo Aranha foi reconhecido pelo povo judeu como um dos articuladores para criação do Estado de Israel. Em sua homenagem há uma rua em Tel Aviv, capital financeira de Israel, que leva o seu nome.
A Grã-Bretanha deveria retirar-se da Palestina no dia 14 de maio de 1948.
No dia 15 de maio de 1948 nascia o Estado de Israel, cumprindo a profecia feita por Isaias, mais de 2600 anos antes:
“Quem já ouviu falar de uma coisa assim? Quem já viu isso acontecer? Pois será que um país pode nascer num dia só? Uma nação aparece assim num instante? Mas foi isto mesmo que aconteceu com Sião: assim que sentiu dores de parto, ela deu à luz os seus filhos”. Isaias 66:8
Shalom Israel.

adaptado