A oligarquia internacional deseja a depressão e o caos político
Excelente artigo. Vale uma reflexão.
Por Adriano Benayon
Credores da Dívida Interna do Brasil - 11/2013 (não
auditada)
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É hora de abrir o olho. Estamos no Brasil e no Mundo em
situação especialmente perigosa, de que há copiosas manifestações, cujas causas
são sistematicamente ocultadas, pois os que estão por trás delas, querem operar
despercebidos.
2. As potências hegemônicas, suas associadas e satélites seguem em depressão econômica, com aspectos mais perversos que os da iniciada em 1930 e que só terminou, em 1943, nos EUA - com a mobilização de dezenas de milhões de combatentes na Segunda Guerra Mundial, mais os vultosos investimentos para produzir armas. Na Europa e na Ásia, a depressão foi substituída pela devastação.
3. A terrível Guerra de 1939 a 1945 não foi
desencadeada para acabar com a depressão, pois sempre os móveis são obter mais
poder, arruinar potências vistas como rivais e desviar o foco dos reais
problemas sociais e econômicos.
4. Agora, desde a contra-revolução liberal dos
anos 80, a financeirização e a concentração do poder econômico e da renda deram
grandes saltos, enquanto decai o patrimônio e a renda real, no caso da grande
maioria dos que trabalham e no da crescente massa dos desempregados.
5. Essa iniquidade jamais poderia ser tolerada
sob sistemas democráticos. Assim, quase nada resta do pouco de democracia,
antes presente nos sistemas políticos representativos, hoje mera embalagem, com
rótulo falso, de um sistema tirânico, que investe massivamente em
contracultura, desinformação e alienação, há mais de século.
6. Assim, institucionalizou-se a mentira, e a
verdade é reprimida através de instrumentos totalitários, radicalizados desde
os ataques 11/09/2001.
7. O terrorismo de Estado dirige-se contra os
cidadãos e é usado paramarquetar, como justas, agressões militares
genocidas contra países alvos da geopolítica da oligarquia angloamericana:
Afeganistão, Iraque, Somália e Líbia.
8. Além disso, EUA, Reino Unido, Israel e
satélites têm intervindo em numerosos países com golpes e pretensas revoluções
suscitadas por serviços secretos, mercenários e organizações terroristas. Síria
e Ucrânia são alvos preferenciais dessas agressões, sem falar nas permanentes
pressões e falsas acusações contra o Irã.
9. O prelúdio da Segunda Guerra Mundial, nos
anos 30, também apresentou invasões e conflitos localizados, e a ascensão de
regimes fascistas (Itália, Alemanha e Japão), além de na Espanha, após
sangrenta guerra civil, de 1936 a 1939, com participação de forças militares
estrangeiras.
10. No presente, a depressão econômica
prossegue, bem como suas trágicas consequências sociais. A oligarquia
financeira está cada vez mais concentrada e tem cada vez mais poder sobre os
governos – à exceção dos demonizados, por não se submeterem − pela mídia e
pelas demais instituições formadoras de opinião.
11. A oligarquia não deseja acabar com a
depressão − tarefa fácil, se fosse decidida – e visa concentrar mais poder e
tornar irreversível o controle totalitário sobre o Planeta, seus recursos e
habitantes. Isso envolve desumanizar os seres humanos, inclusive acabando com
as sociedades nacionais.
12. As soluções para recuperar a economia podem
ser entendidas por qualquer pessoa sensata, não bitolada por lugares comuns
disseminados pelos economistas mais renomados (justamente por agradarem a
oligarquia).
13. A depressão dos anos 30, explodiu com
violência, notadamente na Alemanha, exaurida pelas reparações da Iª Guerra
Mundial. Ali o desemprego atingiu 6 milhões em março de 1932.
14. Economistas competentes, como Lautenbach,
alto funcionário do ministério da economia, mostraram o caminho correto,
apoiado pela federação das indústrias, semelhante ao plano de Woytinski,
sustentado por sindicatos de trabalhadores.
Wilhelm Lautenbach
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15. Em 1931, Lautenbach apresentou o memorandum
“Possibilidades para reviver a atividade econômica, através do investimento e
da expansão do crédito”. Afirmou:
O curso para superar a emergência econômica e financeira
não é limitar a atividade econômica, mas aumentá-la, porque o mercado não mais
funciona nas condições de depressão e crise monetária mundial.
Neste momento, temos situação paradoxal, na qual, apesar
dos cortes extraordinários na produção, a procura ainda está defasada em
relação à oferta. Assim, temos excedentes crônicos da produção, com os quais
não sabemos lidar. Encontrar algum modo de transformar esses excedentes em
valor real é o problema real e o mais urgente da política econômica.
Excedentes de bens físicos, capacidade não-utilizada dos
equipamentos produtivos e força de trabalho não-aproveitada podem ser aplicados
para satisfazer uma nova necessidade, a qual, do ponto de vista econômico,
representa investimento de capital.
Podemos conceber tarefas como obras públicas, ou obras
realizadas com apoio público − que para a economia significariam aumento da
riqueza nacional − e que teriam de ser feitas de qualquer modo, quando se
voltasse a ter condições normais (construção de estradas, expansão do sistema
ferroviário, melhoramentos na infra-estrutura, etc.).
Com tal política de crédito e investimentos, será
remediado o desequilíbrio entre a oferta e a procura no mercado interno, e toda
a produção terá ganhado direção e objetivo. Se, todavia, deixarmos de instituir
tal política, estaremos encaminhados para inevitável e continuado colapso e
para a completa destruição da economia nacional, levando-nos a uma situação que
nos forçará, para evitar uma catástrofe, a assumir dívidas de curto prazo
meramente para fins de consumo; enquanto que hoje, está ainda em nosso poder
obter esse crédito para fins produtivos e, assim, recolocar em equilíbrio tanto
a economia como as finanças públicas.
W. Woytinsky
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16. Woytinski recomendou
explorar oportunidades de complementar as iniciativas das empresas privadas com
a criação de empregos, através de investimentos públicos. Propôs, ainda, a
liberação de fundos, via políticas de expansão monetária para a reconstrução da
Europa.
17. Em janeiro de 1932 foi apresentado o plano
de criação de empregos WTB (Woytinski, Tarnow e Baade) para criar 1 milhão de
novos empregos, com investimentos financiados por créditos de longo prazo, a juros
baixos, pela Reichskredit AG, descontáveis no Reichsbank.
18. A Confederação Geral dos Trabalhadores
Alemães aprovou esse plano, recusado, entretanto, conforme o parecer dos
“peritos economistas” Hilferding, Naphtali e Bauer, pelo Partido Social-Democrata.
19. Schäffer, secretário de Estado do ministério
das Finanças, apoiou o plano de Lautenbach. Moção similar partiu de Wagemann,
chefe do Escritório Nacional de Estatísticas que, em janeiro de 1932, publicou
seu plano que incluía emitir 3 bilhões de reichsmarks para
criar empregos.
20. Nada disso foi adiante, pois não interessava
à oligarquia angloamericana. Esta armava a subida de Hitler ao poder, mesmo
tendo os nazistas perdido 2 milhões de votos nas eleições de 6/11/1932.
21. Após essas eleições, o presidente, marechal
Hindenburg, nomeou chanceler o chefe do Estado-Maior, general von Schleicher,
que propunha pôr em execução as políticas recomendadas por Lautenbach,
Woytinski e Schäffer, e apoiadas por entidades de classe patronais e dos
trabalhadores.
22. A oligarquia financeira tratou de
evitar que von Schleicher sequer as iniciasse, minando-lhe a sustentação
política, enquanto conspirava na chantagem junto ao marechal-presidente para
nomear Hitler, consumada em 30.01.1933.
23. O objetivo era a Segunda Guerra Mundial,
pois Hitler anunciara no “Mein Kampf” seu desígnio de atacar a União Soviética.
Finalidade: empregos e recuperação econômica só mediante a mobilização para a
guerra, que destruiria mutuamente Alemanha e Rússia.
IIa. Guerra Mundial
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24. Hoje, o Estado é enfraquecido como agente de
desenvolvimento econômico e social. Ele serve, nos países-sede da oligarquia,
para erguer enormes arsenais de armas destrutivas e hipertrofiar órgãos de
repressão, serviços secretos e meios tecnológicos de desinformar.
25. Nos países periféricos, como o Brasil, o
Estado, empobrecido pelo serviço da dívida e pelas privatizações, funciona para
arrecadar recursos para a dívida e subsidiar empresas transnacionais.
26. Com a política econômica dominada pela
oligarquia financeira, a concentração não cessa de crescer. No trabalho TheNetwork of Global Corporate
Control, publicado em 2011, os matemáticos suíços, Vitali,
Glattfelder e Battiston, demonstraram a interligação das corporações econômicas
e financeiras por laços diretos e indiretos de propriedade.
27. Com dados sobre 43.000 transnacionais
(ETNs), chegaram a 1.300 maiores companhias com fortes elos entre si, núcleo
refinado para um de só 737 companhias, que controlam 80% das 43.000. Mais
elaboração permitiu chegar a 147, detentoras da propriedade quase total sobre
si mesmas, mais 40% das 43.000.
28. As 147 são basicamente controladas
por somente 50, das quais 48 são financeiras. Apenas duas envolvem-se
diretamente com a economia real (Walmart e China
Petrochemical Group).
Susan George
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29. Susan George, do Transnational
Institute, Amsterdam, conclui:
Nossos problemas originam-se do 0,1%, na verdade do
0,001%.
Mas essa fração não retrata a dimensão infinitesimal,
em relação à população da Terra, da minoria que concentra o poder econômico,
financeiro e político.
30. De fato, existe hierarquia entre os donos
das companhias mais poderosas, e, entre esses, muito poucos exercem comando
sobre bancos centrais, instituições financeiras multilaterais e mercados
financeiros.
31. George aponta as interligações entre a
finança e as corporações de petróleo e gás, e seus vínculos com a indústria
automotiva, gastadora de combustíveis fósseis.
32. O poder dos concentradores financeiros
manifesta-se, inclusive, pelo fato de o 1% do topo pagar percentual de tributos
inferior ao de qualquer época desde os anos 20, apesar da enorme elevação de
seus ganhos e de seu patrimônio nos últimos 35 anos.
33. Mais: dezenas de trilhões de dólares/euros
das emissões dos bancos centrais e das receitas tributárias foram usados para
salvar da bancarrota instituições financeiras cujos controladores e executivos
haviam lucrado dezenas de trilhões com jogadas financeiras, em operações
alavancadas, sobre tudo com o quatrilhão de derivativos criados a impulsos
de chips, antes do colapso de 2007/2008.
34. Pior: o dinheiro posto nos bancos é aplicado
em novas especulações, criando novas bolhas, prestes a estourar. A conta fica
para os cidadãos dos países endividados, inclusive dos EUA, e maior para os dos
menos privilegiados que não podem emitir dólares.
35. No Brasil, recordista mundial de juros
altos, só dois bancos, Itaú e Bradesco registraram R$ 28 bilhões de lucros em
2013.
[*]Adriano Benayon: Consultor em finanças e em
biomassa. Doutor em Economia, pela Universidade de Hamburgo, Bacharel em
Direito, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Diplomado no Curso
de Altos Estudos do Instituto Rio Branco, Itamaraty. Diplomata de carreira,
postos na Holanda, Paraguai, Bulgária, Alemanha, Estados Unidos e México.
Delegado do Brasil em reuniões multilaterais nas áreas econômica e tecnológica.
Consultor Legislativo da Câmara dos Deputados e do Senado Federal na área de
economia. Professor da Universidade de Brasília (Empresas Multinacionais;
Sistema Financeiro Internacional; Estado e Desenvolvimento no Brasil). Autor
de Globalização versus Desenvolvimento, 2ª ed. Editora Escrituras,
São Paulo.
Artigo postado por Castor Filho em seu blog "Redecastorphoto" (http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/02/a-oligarquia-internacional-deseja.html).