Militantes do PSDB posando para fotografias ao lado de um display de
papelão do candidato Aécio Neves em tamanho real na convenção do partido e um
jornalista que confundiu o sósia do Felipão com o verdadeiro. Qual a secreta
conexão entre esses dois episódios? O estranho desejo humano de querer ser
enganado. E a filosofia da percepção e a neurologia podem explicar isso. Por
que pacientes que sofriam de afasia global e agnosia tonal ridicularizaram um
discurso na TV do presidente Ronald Reagan em 1985 enquanto os receptores
normais o consideravam um “grande comunicador”? Talvez o caminho seja entender
a natureza das “imagens-afecção” e a solução do enigma do porquê demoramos meio
segundo para ter consciência das decisões que o nosso próprio cérebro teve. A
contra-tática para combater a canastrice na política pode estar nas mão dos
filósofos da percepção como Brian Massumi e em neurologistas como Oliver Sacks.
As imagens dos bonecos de papelão do candidato Aécio Neves na convenção
do PSDB para que militantes posassem ao lado do display e a “barriga”
jornalística cometida pelo colunista Mario Sergio Conti que confundiu o sósia
com o verdadeiro Felipão revelam um secreto sincronismo: o estranho desejo
humano de querer ser enganado.
Em postagem anterior discutíamos como era possível que ainda hoje a
opinião pública ainda seja mobilizada por táticas publicitárias e de propaganda
tão estereotipadas, exageradas, com personagens tão canastrões, caricatos, com
gestos, expressões faciais e poses tão overacting. Péssimos atores
que não conseguiriam passar pelo mais simples teste de seleção do cast do
filme de mais baixo orçamento - sobre esse tema clique
aqui.
Assistindo ao filme O Grande Ditador de Chaplin, somos
dominados por uma estranha sensação ao se questionar sobre quem teria inspirado
quem: a pantomima de Chaplin também estava presente nos gestuais e discursos de
Hitler e Mussolini. Quem se inspirou em quem? O gênio de Chaplin não foi o de
fazer uma caricatura genial de um ditador, mas de revelar a todos que na
política levamos a sério maus atores – Chaplin mostrou de uma forma
profissional o que Hitler e Mussolini faziam de forma canastrona.
O móvel (objetivo) da oligarquia financeira para desencadear guerras em
grande escala, bem como conflitos localizados, é ganhar mais poder,
subordinando países e regiões ao império e enfraquecendo os que poderiam conter
essa expansão.
2. Na 1ª e 2ª Guerras Mundiais, respectivamente França versus Alemanha e
Alemanha versus Rússia (União Soviética), as potências angloamericanas só se
engajaram com intensidade, no final, para ocupar espaços, estando aqueles
contendores desgastados.
3. As duas grandes conflagrações eclodiram após longos períodos de depressão
econômica e serviram como manobra de diversão em face das consequências sociais
e políticas da depressão.
4. No Século XXI, os conflitos armados grandemente destrutivos estão
tornando-se mais frequentes após o golpe preparatório: a implosão das Torres
Gêmeas, em setembro de 2001.
5. Os principais alvos têm sido países islâmicos, envolvendo a geopolítica da
energia. Desde 2001 o Afeganistão está sob agressão. Em 2003, destruição e
ocupação do Iraque. Ataques a Sudão, Somália e Iêmen. Em 2011 a brutal agressão
e intervenção da OTAN na Líbia. Durante todo o tempo, pressão e hostilização a
Síria e Irã.
6. Em 2013, a agressão à Síria foi intensificada com a invasão por mercenários
e extremistas, grandemente armados, com participação das monarquias petroleiras
do Golfo Pérsico, lideradas pela Arábia Saudita, e colaboração da Turquia e de
outros membros da OTAN.
7. Mas, na Síria, o governo conseguiu resistir, com seus recursos e disposição
e com apoio militar e político da Rússia, inclusive no Conselho de Segurança da
ONU.
Enquanto o Presidente da Ucrânia, Petro
Poroshenko, acaba de propor um acordo com os líderes da República Popular de
Donbas, Andrew Korybko discorre sobre as razões para a revolta: não é
simplesmente uma questão de se recusar a reconhecer o governo do golpe de
estado em Kiev, mas uma tentativa de afastar um projeto oficial, que implica a
limpeza étnica das populações de língua russa.
Durante a Primeira
Guerra Mundial, o imperador da Áustria-Hungria aprisionou mais 20.000 rusyns e
lemkos [rusyns: refere-se a um grupo étnico moderno da Europa, conhecido também
como rutenos, cárpato-russos ou russianos; falam a língua rutena e descendem dos
russianos que, no século XIX, não se tornaram ucranianos; lemkos: refere-se a
um grupo étnico estreitamente relacionado aos rusyns - NT], principalmente
intelectuais, em Talerhoff. Não foi propriamente um campo de concentração, mas
um terreno baldio onde prisioneiros dormiam no chão em todos os tipos de
condições climáticas severas.
REDE VOLTAIRE
27 DE JUNHO DE 2014
por Andrew
Korybko
No aniversário do centenário dos indivíduos "russofílicos"
(rusyns) da moderna Ucrânia que foram enviados para campos de concentração, a
história parece estar a repetir-se mais uma vez. O Ministro da Defesa ucraniano
manifestou publicamente o seu plano para encurralar os cidadãos de Donbas em
campos especiais de "filtração", antes de forçosamente reinstalá-los
em diferentes partes da Ucrânia.
Alguns dias depois, o Primeiro-Ministro ucraniano Yatsenyuk declarou que
os pro-federalistas no Oriente eram "sub-humanos".
Fonte: Embaixada da Ucrânia, nos Estados Unidos, 15 de junho de 2014.
Será que agora a juventude entendeu o que a grande mídia tentou fazer
com eles, especialmente os jovens que nunca haviam acompanhado uma Copa do
Mundo, sequer pela TV? Será que, depois de viverem as mais fortes emoções
ao acompanharem uma partida de futebol, entenderam a importância de uma Copa em
seu país de origem?
Será que verão de modo diferente a campanha de mais de 2 anos feita
pela mídia com o objetivo de impedir que tivessem essas experiências aqui, no
Brasil, acompanhando, ao invés, uma Copa realizada em outro país (a Inglaterra,
de preferência)?
Será que gostariam de não ter vivido a ansiedade, o medo, a angústia e
a alegria do dia de hoje (ontem) que serão contadas e recontadas no futuro aos
filhos e netos, os quais provavelmente nunca terão essa experiência única em
suas vidas?
Será que esses jovens continuarão a cair em contos do vigário
primários da grande mídia? Apoiarão o #NaovaiterOlimpíadas?
Depois do Pan-Americano, da Copa das Confederações e desta Copa do
Mundo, já considerada a melhor de todos os tempos, será que eles entenderam a
importância social, econômica e cultural de um país sediar eventos importantes
do esporte?
Será que leram as matérias altamente elogiosas da imprensa estrangeira
sobre o povo brasileiro (e não há recurso mais importante num país do que seu
povo)?
Será que aprenderam a ler nas entrelinhas das manipulações da grande
mídia e agora se tornarão mais espertos, evitando deixar em seu passado mais
algumas centenas de posts, e-mails, comentários, tuítes e falas dos quais irão
se arrepender, pensando “Meu Deus, mas como eu fui bobo…”?
Vem mais por aí. Há tempo para que aprendam. Mas que aprendam a tempo
de não se proibirem experiências marcantes que outros povos já viveram e que o
nosso povo, ao contrário do que defende a grande mídia, também merece viver.
São os mais ideológicos de todos. No plano internacional têm sido puxados por
The Economist e Financial Times. Para eles o Brasil se assemelha a uma valiosa carniça
a ser saqueada. O valor da carniça aumentou muito desde as descobertas na
camada atlântica do pré-sal. Muitos deles mantém uma pretensa elegância, muito
própria para quem gosta de usar ternos de grife no trabalho. Seu estilo
preferido é o prosaico analítico, com direito, vez por outra, a certos
sarcasmos pesados, que eles vêem como mera ironia, como a de comparar a nossa
presidenta a Groucho Marx. Adoram elogiar o México e a Aliança do Pacífico,
como “respostas” ao Brasil e o Mercosul. No fundo, no fundo, o que querem é
garantir o máximo possível de renda para o capital rentista e a parte do leão
das riquezas brasileiras, passadas, presentes e futuras para ele. Às vezes
animam gente mais grosseira, como no caso das vaias VIP, no Itaquerão. Mas aí
começamos a entrar no segundo grupo.
2. Os coveiros
De um modo geral, são aqueles detratores que, no fundo, bem no fundo, acham que
nasceram no país, na latitude e na longitude erradas, além do fuso horário
trocado. Latitude errada: nasceram no hemisfério sul. Longitude errada e fuso
horário trocado: a hora da nossa capital não é a mesma de Washington, nem de
Londres, nem de Paris. Grosso modo, dividem-se em dois grupos. O primeiro
simplesmente detesta o país em que nasceu. Não suporta olhar pela janela e ver
bananeiras ao invés de pine trees. Detesta até ver palmeiras ao invés de palm
trees. São os detratores de sempre, os que se ufanam da Europa e dos Estados
Unidos e que pensam que o nosso povo é desqualificado para ser um povo. Sua
abrangência é nacional, mas também aparecem alguns no plano internacional. Ouvi
durante seminário recente aqui em Berlim que o Brasil é um país que não tem
cultura, só tem música e samba. Não sei exatamente o que a pessoa em questão,
que não era brasileira, entendia por “cultura”, “música” e “samba”, mas sei
muito bem o que ela entendia por ”Brasil”: um bando de gente nu por fora e por
dentro, mais ou menos como os primeiros europeus viam os índios quando chegaram
para conquistá-los e dizimá-los. São e serão os coveiros de sempre. O segundo
grupo pegou carona na campanha dos abutres. Gosta de falar mal do Brasil de
agora, este que aí está, com pleno emprego e melhora na repartição de renda.
Quer dar a volta no relógio e no calendário, nos ajustar de novo ao tempo em
que pobre era miserável e miserável não era nada. Acha que pode garantir de
novo os aeroportos só para si. Mas é um grupo que gosta de falar também em
generalidades. Se dentro do Brasil, usa o pronome nós (“nós somos corruptos”,
“nós somos violentos”, “nós somos ineficientes”, etc.), mas é um “nós” que tem
o valor de “eles”, pois só vale da boca para fora.
É uma verdadeira proeza gramatical. Pois o distinto coveiro deste grupo se
apresenta, explícita ou implicitamente, como uma exceção. Os estilos preferidos
variam: vão do insulto grosseiro à lamentação sutil. Os coveiros deste grupo
costumam ter um alvo preciso, que copiam dos abutres: no momento atual, a
eleição de outubro. Já os coveiros do primeiro grupo não têm alvo preciso, a
não ser o de fazer compras em Miami (alguns) ou passear de bonde ou ônibus nas
capitais europeias enquanto faz campanha contra corredores de ônibus nas
cidades brasileiras.
3. Os goiabas
Este é um grupo mais variegado. Seu estilo varia entre a euforia e a
lamentação. Mas são plagiadores profissionais. Copiam sem restrição tudo o que
lhes é servido pelos abutres e os coveiros. Repetem entusiasticamente: “o
gigante acordou em junho do ano passado”. Ou chorosamente: “a Copa do Mundo no
Brasil tirou dinheiro das escolas e dos hospitais”. E repetem firmes outras
condenações peremptórias, como “a de que os estádios ficarão necessariamente
ociosos depois da Copa”. São muito numerosos, barulhentos, tanto dentro como
fora do país. Também repetem-se muito entre si mesmos, achando que estão sendo
originais. Gostam de dizer que estão “mostrando o verdadeiro Brasil” ao nos
detratar como um país imóvel, que não tem entrada nem saída.
Os grupos ficaram martelando – mais os coveiros, os goiabas e, mas com a reza
em voz baixa a seu favor vinda dos abutres internacionais e também com as vezes
a reza em voz alta dos abutres nacionais – que a Copa não ia dar certo, que
seria um fracasso, que os aeroportos iam entrar em colapso, que as cidades (e o
metrô de S. Paulo no dia da abertura) iriam parar, etc.
Deram com os burros n’água. Cavaram a própria cova e esqueceram de levar uma
escada de saída. Ainda esperam que “algo”, alguma catástrofe, qualquer coisa,
aconteça até o final da Copa. Depois deste final, vão tentar uma de duas: se o
Brasil ganhar a Copa, vão dizer que o nosso povo é um bando de babacas que só
sabem correr atrás da bola quando vêem uma. Se o Brasil perder, vão insistir na
ideia de que o governo jogou dinheiro fora. Vamos ver o que vai acontecer.
Antes de encerrar, quero esclarecer que “abutres”, “coveiros”, “goiabas” e até
“burros n’água” são apenas metáforas literárias, que não deve ser lidas
literalmente. Nada tenho contra os abutres que, como os urubus, ajudam a manter
a limpeza no seus espaços; nem contra a operosa classe dos coveiros, tão
socialmente valiosos como qualquer outra profissão laboriosa; muito menos
contra as goiabas, frutas deliciosas como tantas outras; e certamente nada
contra os pacientes burros da vida real, que nada têm de burros. Burros, neste
último sentido, apesar de alguns se acharem espertalhões, são os “abutres”, os
“coveiros”, e os “goiabas”.
Reação feroz dos conservadores
ao decreto de Dilma revela incapacidade de compreender sociedades atuais e
interesse de manter política como monopólio dos “representantes”
O texto na nossa Constituição é claro, e se trata nada menos do que do
fundamento da democracia: “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” Está
logo no artigo 1º, e garante portanto a participação cidadã através de
representantes ou diretamente. Ver na aplicação deste artigo, por
um presidente eleito, e que jurou defender a Constituição, um atentado à
democracia não pode ser ignorância: é vulgar defesa de interesses elitistas por
quem detesta ver cidadãos se imiscuindo na política. Preferem se entender com
representantes.
"Em 23 de maio de 2014, a
presidenta Dilma Rousseff assinou o decreto nº 8.243/2014, que institui a
Política Nacional de Participação Social.
Uma iniciativa histórica, que regulamenta o que já previa a Constituição
Federal desde 1988.
Na prática, o decreto 8.243/2014 cria mecanismos concretos de participação
social na administração pública por conselhos consultivos populares. Contribui,
assim, para a ampliação da cidadania de todos os atores sociais.
“O resultado foi uma histeria geral da direita nos seus meios de comunicação e
no parlamento”, observa João Pedro Stedile, líder MST. “O próprio PMDB e os
demais partidos conservadores, mesmo sendo base do governo, ameaçam derrubar o
decreto federal e boicotar outras votações. Uma vergonha.”
Os partidos contrários alegam que o conteúdo representaria “uma invasão à
esfera de competência do Parlamento brasileiro e uma afronta à ordem
constitucional do país”.
Intelectuais e movimentos sociais brasileiros reagiram.
Elaboraram um manifesto (na íntegra, abaixo) de apoio ao decreto de Dilma e de
repúdio a posições atrasadas de alguns partidos políticos e de outros setores
conservadores da sociedade, incluindo Judiciário e mídia:
...o
decreto não viola nem usurpa as atribuições do Poder Legislativo mas tão
somente organiza as instâncias de participação social já existentes no Governo
Federal e estabelece diretrizes para o seu funcionamento…
…o decreto
representa um avanço para a democracia brasileira por estimular os órgãos e
entidades da administração pública federal direta e indireta…
Muitas vezes, a janela mais panorâmica de uma época não se
materializa no indispensável esforço conceitual para descortinar a sua
essência, mas em um evento simbólico catalisador.
O passo seguinte da história brasileira carece ainda dessa síntese que
contenha as linhas de passagem para um novo ciclo de desenvolvimento.
A simplificação analítica, o simplismo ideológico são
incompatíveis com essa sinapse entre o velho e o novo, projetando-se mais por
aquilo que dissipam do que pelo que agregam.
Um jornalista estrangeiro, correspondente de uma agência de notícias aqui
no Brasil, assinou um artigo como Lawrence Charles no RioOnWatch.org. (É
possível que se trate de um pseudônimo.) Sua reflexão sobre como as
notícias são vendidas e compradas, encomendadas e publicadas, em seu trabalho
de cobrir o Brasil e a Copa, joga muita luz sobre o funcionamento da mídia,
inclusive a internacional. Seu artigo, The World Cup of Lazy Journalism , ou “A
Copa do Mundo do Jornalismo Preguiçoso”, expõe as diferenças entre o que ele
está enxergando aqui no front e o que está sendo demandado para publicação por
seus editores – e que resulta no material efetivamente veiculado lá fora, em
escala global.
Escreve ele: Quando eu respondi a meus editores que nada de relevante
estava sendo incendiado [o pedido de pauta era uma busca por ‘ônibus
incendiados’, por conta de uma greve dos motoristas], mas que eu poderia
produzir perfis detalhados dos motoristas em greve, parei de receber e-mails.
Se não tem carnificina, não tem matéria.
“Como eu só sou pago se alguém compra a pauta que proponho, pensei em
escrever de volta para a agência vendendo termos como ‘violência na favela’ ou
‘polícia disparou/matou’”. A verdade é que há coisas terríveis acontecendo em
algumas das centenas de favelas no Rio e houve protestos necessários e há a
ameaça de muitos mais. Mas, ao lado disso, há também muitas, várias histórias
que podem e devem ser contadas. Por exemplo, a favela Asa Branca é o lugar mais
feliz que eu encontrei no Rio – e três décadas de notável avanço arquitetônico
estão agora sendo ameaçadas pela expansão imobiliárias. (…) E na favela da
Maré, onde houve uma ocupação recente, há comunidades inspiradas organizando
debates importantes sobre segurança pública.
São matérias que pouco saem por aqui. E que pouco saem lá fora também,
infelizmente.
(Em tempo: o RioOnWach.org é um veículo criado em 2010 pela Catalytic
Communities, CatComm, uma organização americana sem fins lucrativos e presente
no Rio na forma de uma ONG. A sigla Rio On Watch se traduz em Rio Olympics
Neighborhood Watch e o programa busca fazer ecoar mundialmente as vozes das
favelas cariocas no percurso de construção das Olimpíadas de 2016.)
Cerca de 300 intelectuais, artistas e
lideranças políticas e dos movimentos sociais lançaram manifesto que critica a
conduta do presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, à frente da execução
penal dos réus da AP 470, nesta segunda-feira (16/6).
A manutenção
por sete meses em regime fechado dos condenados ao regime semi-aberto no
processo do mensalão sensibilizou lideranças, que criaram o Comitê por
Democracia, Justiça e Solidariedade.
A iniciativa
partiu de um grupo que articulou o presidente da nacional da CUT, Vagner Freitas;
o coordenador do MST, João Pedro Stedile, o presidente Nacional do PT, Rui
Falcão; o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo; a dirigente do PT, Misa
Boito; o ativista dos direitos humanos, Aton Fon Filho; o dirigente da Consulta
Popular, Ricardo Gebrim; o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh e o jornalista
Celso Horta, entre outras personalidades.
A construção
da carta pública teve apelo até no meio artístico, com a adesão dos atores
Chico Diaz, Débora Duboc, Hugo Carvana, Osmar Prado, Sergio Mamberti, Tuca
Moraes e Zé de Abreu.
A primeira
iniciativa foi construir esse manifesto, que denuncia o desrespeito aos
direitos dos presos na AP-470 (leia abaixo). O documento questiona Barbosa e
cobra que os presos fiquem detidos no regime pelo qual foram condenados.
“O
Presidente do Supremo Tribunal Federal, ao invés de cumprir as decisões dessa
Suprema Corte, nega direitos a alguns sentenciados, desrespeitando a
decisão do próprio pleno do STF e a jurisprudência do STJ quanto ao
cumprimento do regime semiaberto”, expressa o apelo público.
O tapete colorido que forrou o gramado durante a cerimônia de abertura da
Copa do Mundo de 2014 foi enrolado fatia a fatia. Os jogadores entraram em
campo para o aquecimento. Urros para os brasileiros, vaias para os croatas.
Locutores se esgoelando em estatísticas, escalações, comparações e
superstições. E eu ansiosa esperando falarem do exoesqueleto. O pontapé inicial
da copa, que seria dado por um paraplégico equipado com uma veste robótica
comandada por seu cérebro, estava prestes a acontecer e nada de comentarem o
que seria isso, de explicarem como funcionaria. A ciência estava prestes a
participar do show da copa, mas estava claro que divulgação científica não
entraria em campo.
Às 16h47 o pontapé cientifico foi narrado retroativamente na SportTV. Um
vídeo ridiculamente rápido foi mostrado. O exoesqueleto estava no canto do
canto do canto do gramado. Deu um toque pífio numa bola colocada junto a seu
pé. E foi tudo. Nem dava para saber em que momento da abertura o tal pontapé
ocorreu. Soube depois que na transmissão da Globo o episódio tinha aparecido em
tela dividida, com Galvão Bueno falando da chegada do ônibus da seleção
brasileira (veja vídeo da
própria emissora). No final desse vídeo dá para ver que o tal pontapé ocorreu
ainda durante a cerimônia de abertura:
Ou seja, o exoesqueleto não decolou como planejado (embora Nicolelis tenha
comemorado com um “We did it!!!!” logo
na sequência do feito). A FIFA, dona do show, decidiu que esse número não faria
parte do espetáculo. E colocou-o para escanteio. Mas por que o espaço cedido
foi essa aparição relâmpago num cantinho do campo bem longe das câmeras?
Corta para o passado recente. No início do ano, o Portal da
Copa, do governo federal, apresentou uma reportagem sobre
o projeto encabeçado por Nicolelis em que ele explica os trabalhos que estavam
em curso, ressaltando as inovações do mesmo, e como seria o pontapé inicial:
Pouco depois, foi elaborado esse outro material em que Nicolelis mostra o
exoesqueleto já pronto, descreve o que seria apresentado na abertura do mundial
e apresenta sua visão sobre o papel social da ciência:
A expectativa do pontapé científico, porém, não se restringiu aos
veículos “oficiais” de divulgação. O exoesqueleto de Nicolelis pouco a pouco
ganhou os holofotes (mix de exemplos em veículos nacionais e
internacionais: BBC Brasil;Daily Mail; The Guardian; O Globo; revista Piauí; Discover Magazine; Portal G1*; Folha de São Paulo).
Até o grupo Teatro Oficina fez sua referência ao pontapé que estava prestes a
ocorrer – vídeo.
A partir desta quinta-feira, os olhos e os corações do mundo estarão
voltados para o Brasil, acompanhando a maior Copa da história. Pelo menos três
bilhões de pessoas vão se deixar fascinar pela arte das 32 melhores seleções de
futebol do planeta.
Para o Brasil, sediar a Copa do Mundo é motivo de satisfação, de alegria
e de orgulho. Em nome do povo brasileiro, saúdo a todos que estão chegando para
esta que será, também, a Copa pela paz e contra o racismo; a Copa pela inclusão
e contra todas as formas de violência e preconceito; a Copa da tolerância, da
diversidade, do diálogo e do entendimento.
A Seleção Brasileira é a única que disputou todas as Copas do Mundo
realizadas até hoje. Em todos os países, sempre fomos muito bem recebidos.
Vamos retribuir, agora, a generosidade com que sempre fomos tratados, recebendo
calorosamente quem nos visita. Tenho certeza de que, nas 12 cidades-sede, os
visitantes irão conviver com um povo alegre, generoso e hospitaleiro e se
impressionar com um país cheio de belezas naturais e que luta, dia a dia, para
se tornar menos desigual. Amigos de todo o mundo, cheguem em paz! O Brasil,
como o Cristo Redentor, está de braços abertos para acolher todos vocês.
Brasileiras e brasileiros,
Para qualquer país, organizar uma Copa é como disputar uma partida suada
– e muitas vezes sofrida – com direito a prorrogação e disputa nos pênaltis.
Mas o resultado e a celebração final valem o esforço. O Brasil venceu os
principais obstáculos e está preparado para a Copa, dentro e fora do campo.
Para que esta vitória seja ainda mais completa é fundamental que todos os
brasileiros tenham uma noção correta de tudo que aconteceu. Uma visão sem falso
triunfalismo, mas também sem derrotismo ou distorções. Como se diz na linguagem
do futebol: treino é treino, jogo é jogo. No jogo, que começa agora, os
pessimistas já entram perdendo. Foram derrotados pela capacidade de trabalho e
a determinação do povo brasileiro, que não desiste nunca.
Os pessimistas diziam que não teríamos Copa porque não teríamos estádios.
Os estádios estão aí, prontos. Diziam que não teríamos Copa porque não teríamos
os aeroportos. Praticamente, dobramos a capacidade dos nossos aeroportos. Eles
estão prontos para atender quem vier nos visitar; prontos para dar conforto a
milhões de brasileiros. Chegaram a dizer que iria haver racionamento de
energia. Quero garantir a vocês: não haverá falta de luz na Copa, nem depois
dela. O nosso sistema elétrico é robusto, é seguro, porque trabalhamos muito
para isso. Chegaram também ao ridículo de prever uma epidemia de dengue na Copa
em pleno inverno no Brasil!
Além das grandes obras físicas e da infraestrutura, estamos entregando um
sistema de segurança capaz de proteger a todos, capaz de garantir o direito da
imensa maioria dos brasileiros e dos nossos visitantes que querem assistir os
jogos da Copa. Estamos entregando, também, um moderno sistema de comunicação e
transmissão que reúne o que há de mais avançado em tecnologia, incluindo redes
de fibra ótica e equipamentos de última geração, em todas as 12 sedes.
Minhas amigas e meus amigos,
A Copa apressou obras e serviços que já estavam previstos no Programa de
Aceleração do Crescimento, o PAC. Construímos, ampliamos ou reformamos
aeroportos, portos, avenidas, viadutos, pontes, vias de trânsito rápido e avançados
sistemas de transporte público. Fizemos isso, em primeiro lugar, para os
brasileiros.
Tenho repetido que os aeroportos, os metrôs, os BRTs e os estádios, não
voltarão na mala dos turistas. Ficarão aqui, beneficiando a todos nós. Uma Copa
dura apenas um mês, os benefícios ficam para toda vida.
Os novos aeroportos não eram necessários apenas para receber os turistas
na Copa. Com o aumento do emprego e da renda, o número de passageiros mais que
triplicou nos últimos dez anos: de 33 milhões em 2003, saltamos para 113
milhões de passageiros no ano passado, e devemos chegar a 200 milhões em 2020.
Por isso, precisávamos modernizar nossos aeroportos para, acima de tudo,
melhorar o dia a dia dos brasileiros que, cada vez mais, viajam de avião.
Agora, também temos estádios modernos e confortáveis, de Norte a Sul do
país, à altura do nosso futebol e dos nossos torcedores. Além de servir ao
futebol, serão estádios multiuso: vão funcionar também, como centros
comerciais, de negócios e de lazer, e palcos de shows e festas populares.
Minhas amigas e meus amigos,
Tem gente que alega que os recursos da Copa deveriam ter sido aplicados
na saúde e na educação. Escuto e respeito essas opiniões, mas não concordo com
elas. Trata-se de um falso dilema. Só para ficar em uma comparação: os
investimentos nos estádios, construídos em parte com financiamento dos bancos
públicos federais e, em parte, com recursos dos governos estaduais e das
empresas privadas, somaram R$ 8 bilhões.
Desde 2010, quando começaram as obras dos estádios, até 2013, o governo
federal, os estados e os municípios investiram cerca de 1 trilhão e 700 bilhões
em educação e saúde. Repito: 1 trilhão e 700 bilhões de reais. Ou seja, no
mesmo período, o valor investido em educação e saúde no Brasil é 212 vezes
maior que o valor investido nos estádios. Vale lembrar, ainda, que os
orçamentos da saúde e da educação estão entre os que mais cresceram no meu
governo.
É preciso olhar os dois lados da moeda. A Copa não representa apenas
gastos, ela traz também receitas para o país; é fator de desenvolvimento
econômico e social; gera negócios, injeta bilhões de reais na economia, cria
empregos.
De uma coisa não tenham dúvida: as contas da Copa estão sendo analisadas,
minuciosamente, pelos órgãos de fiscalização. Se ficar provada qualquer
irregularidade, os responsáveis serão punidos com o máximo rigor.
Minhas amigas e meus amigos,
O Brasil que recebe esta Copa é muito diferente daquele país que, em
1950, recebeu sua primeira Copa. Hoje, somos a 7ª economia do planeta e
líderes, no mundo, em diversos setores da produção industrial e do agronegócio.
Nos últimos anos, nosso país promoveu um dos mais exitosos processos de
distribuição de renda, de aumento do nível de emprego e de inclusão social.
Reduzimos a desigualdade em níveis impressionantes, levando, em uma década, 42
milhões de pessoas à classe média e retirando 36 milhões de brasileiros da
miséria.
Somos também um país que, embora tenha passado há poucas décadas por uma
ditadura, tem hoje uma democracia jovem, dinâmica e pujante. Desfrutamos da
mais absoluta liberdade e convivemos com manifestações populares e
reivindicações que nos ajudam a aperfeiçoar, cada vez mais, nossas instituições
democráticas, instituições que nos respaldam tanto para garantir a liberdade de
manifestação como para coibir excessos e radicalismos de qualquer espécie.
Meus queridos jogadores e querida Comissão Técnica,
Debaixo da camisa verde-amarela, vocês materializam um poderoso
patrimônio do povo brasileiro. A Seleção representa a nacionalidade. Está acima
de governos, de partidos e de interesses de qualquer grupo. Por isso, vocês
merecem que um dos legados desta Copa seja, também, a modernização da nossa
estrutura do futebol e das relações que regem nosso esporte. O Brasil precisa
retribuir a vocês e a todos os desportistas, tudo o que vocês têm feito por
nosso povo e por nosso país. O povo brasileiro ama e confia em sua Seleção.
Estamos todos juntos para o que der e vier.
Em eduguim 08/06/14 Blog da Cidadania | por Eduardo Guimarães
Mais uma vez, o Brasil irá às urnas dividido entre os que avaliam e os
que não podem, não querem ou não sabem avaliar quanto o país atual melhorou em
relação ao de 2002. Em eleições anteriores, porém, essa divisão se deu entre
classes sociais, econômicas e regionais, mas, neste ano, há uma outra divisão,
a divisão geracional, que opõe jovens e maduros.
Os governos Lula e Dilma foram marcados por ampla rejeição da classe
média-média e média alta, freguesas de carteirinha dos grandes meios de
comunicação, do Jornal Nacional ou daquele indefectível exemplar da revista
Veja no consultório do dentista. Mas, do ano passado para cá, jovens de
diversas classes sociais se juntaram àquele contingente maduro e mais rico.
O ambiente essencialmente jovem das “jornadas de junho” promoveu uma
espécie de rave político-ideológica em que jovens da nova classe média (baixa,
da periferia) finalmente se encontraram com os mauricinhos e patricinhas das
classes médias tradicionais em manifestações gigantescas que acabaram se voltando
essencialmente contra o PT.
Matt o’brien, um repórter do Washington Post, escreveu
recentemente um artigo interessante, embora deprimente, sobre o desemprego
prolongado nos Estados Unidos, defendendo a hipótese de que é basicamente uma
questão de má sorte: se alguém é demitido em uma economia ruim, tem dificuldade
para encontrar um novo emprego; e quanto mais tempo ficar desempregado, mais
difícil será encontrar trabalho.
Obviamente, concordo com essa análise – e acrescentaria que os resultados
de O’Brien refutam de modo mais ou menos decisivo a história alternativa, de os
desempregados em longo prazo (pessoas que estão sem emprego há seis meses ou
mais) serem trabalhadores com um problema.
Recadão discutido na Tendinha do Loxas na Vila Vudu:
ATENÇÃO:Em 22/11/2013, muita gente boa, pelo mundo,
festejava que a Ucrânia havia rejeitado a “integração” à União Europeia (de
fato, trata-se de um acordo comercial entre a Ucrânia e a UE, que a Ucrânia
optou por não assinar).
Em 23/11/2013, a imprensa-empresa “ocidental” só noticiava
“manifestações” na Ucrânia A FAVOR da “integração” à União Europeia. Como se
algum "povo ucraniano" tivesse saído repentinamente às ruas, em
massa, para exigir O CONTRÁRIO do que seu governo fizera na véspera e que
tantos, na véspera, haviam festejado tanto.
Como afinal se vê em 24/11/2013,
(a) as matérias de 23/11/2013 eram a
manifestação-festa de alguns mais bem informados que NÃO QUEREM SABER DE UNIÃO
EUROPEIA; e
(b) as matérias que os jornalões-empresas divulgaram em 22
e 23/11/2013 são manifestação de vastíssimos interesses apostados A
FAVOR da “integração” da Ucrânia na UE.
As matérias “jornalísticas” de 22 e 23/11/2013 foram
vendidas como se fossem fatos & jornalismo, mas não passaram de
desinformação “jornalística”, informação mal investigada, mal pesquisada e mal
construída, pura ânsianoiada de “pôr texto” (qualquer-merda) em
imagens espetaculosas de “manifestações” (ver foto de Gleb Garanish em:
A
Voz da Rússia publica hoje as reflexões do grande clássico da literatura russa,
Fiodor Dostoievski, sobre as relações entre a Rússia e os povos eslavos
vizinhos. A sua atualidade é pertinente.
Fiodor Dostoievski, “Diário de um Escritor”, 1877:
"A Rússia nunca terá, e nunca teve ainda, inimigos tão injuriadores,
tão invejosos, tão caluniadores e até tão declarados como todos esses povos
eslavos, logo após a Rússia os ter libertado e de a Europa ter concordado em
reconhecer a sua libertação! E não contestem, nem gritem comigo que eu exagero
ou que odeio os eslavos!
Depois da libertação, eles começam a sua nova vida, repito, precisamente
a pedir à Europa, Inglaterra e Alemanha, por exemplo, a garantia e a proteção
da sua liberdade, e, embora no concerto das potências europeias esteja também a
Rússia, eles fazem isso precisamente para se defenderem da Rússia.
Começam obrigatoriamente por dizer para consigo mesmos, ou até mesmo em
voz alta, que não devem o mínimo agradecimento à Rússia. Pelo contrário, dizem
que dificilmente se salvaram das ambições da Rússia.
Talvez durante um século, ou mais, eles irão tremer constantemente pela
sua liberdade e temer as ambições da Rússia; eles irão procurar as boas graças
dos Estados europeus, irão caluniar a Rússia, contar mexericos sobre ela e
intrigar contra ela.
Será particularmente agradável para os eslavos libertados dizer e gritar
ao mundo que eles são povos cultos, capazes de assimilar a mais alta cultura
europeia, enquanto que a Rússia é um país bárbaro, um colosso nórdico sombrio,
que nem sequer tem sangue eslavo puro, perseguidor e que odeia a civilização
europeia. Claro que entre eles aparecerão, desde o início, regimes
constitucionais, parlamentos, ministros responsáveis, oradores, discursos. Isso
irá consolá-los e deleitá-los.
Todavia, quando chega alguma desgraça séria, eles pedem obrigatoriamente
ajuda à Rússia. Eles irão de alguma forma odiar, queixar-se e caluniar-nos
junto da Europa, mas sentirão sempre instintivamente (claro que quando chegar
alguma desgraça, e não antes) que a Europa é o inimigo natural da sua unidade,
foi e será sempre, mas se eles existem na terra, é porque existe um enorme imã:
a Rússia, que, atraindo-os irreversivelmente a todos para si, mantém a sua
integridade e unidade. Chegará até o momento em que eles estarão quase num
estado de já concordar conscientemente que, sem a Rússia, o grande centro
oriental e grande força atratora, a sua unidade ruirá num momento, será
desfeita em pedaços e até a sua própria nacionalidade desaparecerá no oceano
europeu, como desaparecem algumas gotas separadas de água no mar.
Claro que, hoje, se coloca a questão: qual é então o proveito da Rússia,
por que é que ela lutou por eles durante 100 anos, sacrificou o seu próprio
sangue, as suas forças, o seu dinheiro? Terá sido apenas para
colher ingratidão e um ridículo ódio insignificante?"
Após
a liberação dos territórios ocupados pelos alemães dos países europeus,
milhares de mulheres que tinham relacionamentos com soldados alemães foram
expostas a execuções humilhantes e brutais nas mãos de seus próprios
concidadãos. Era a "Épuration
Légale" ("purga legal"),
a onda de julgamentos oficiais que se seguiu à liberação da França e da queda
do Regime de
Vichy. Estes julgamentos foram realizados em grande parte entre 1944 e
1949, com ações legais que perduraram por décadas depois.
Ao contrário dos Julgamentos de
Nuremberg, a "Épuration Légale" foi conduzida como um
assunto interno francês. Aproximadamente 300.000 casos foram investigados,
alcançando os mais altos níveis do governo colaboracionista de Vichy. Mais da metade
foram encerrados sem acusação. De 1944 a 1951, os tribunais oficiais na França
condenaram 6.763 pessoas à morte por traição e outros crimes. Apenas 791
execuções foram efetivamente realizadas. No entanto, 49.723 pessoas foram
condenadas a "degradação nacional", que consistia na perda total de
direitos civis.
A campanha para identificar e massacrar os colaboracionistas do regime alemão
puniu cerca de 30.000 mulheres com humilhação pública, por suspeita de que
tiveram ligações ou porque eram prostitutas e se relacionaram com os alemães.
Algumas vezes, a coisa toda não passava de briga de vizinhas -uma denunciando a
outra como acerto de contas pessoais- ou então uma denúncia vazia de
participantes realmente ativos, que dessa forma tentavam salvar sua pele
desviando a atenção de sua cooperação com as autoridades da ocupação.
O caso é que muitas coitadas que tiveram algum tipo de relacionamento com os
soldados e oficiais alemães não tinham culpa, o que elas iriam fazer? Elas eram
reféns de um estado ocupado. Mas a ira e a necessidade de encontrar bruxas para
caçar não permitia o razoamento, se houvesse um indício qualquer, a coitada
tinha sua cabeça raspada e era exposta em público como desgraça da nação.
Muitas vezes só raspar a cabeça não bastava, eram despidas, abusadas,
desenhavam a suástica nos seus rostos, ou queimavam a marca com ferro em brasa
na testa.
Estas mulheres foram reconhecidas como "nacionalmente indignas" e
sofreram, além da degradante humilhação em público, penas de seis meses a um ano
de prisão, seguida da perda total de direitos civis por mais um ano, quando
ainda eram violentadas e insultadas nas ruas. Muitas não suportaram a vergonha
daquela situação e sucumbiram cometendo suicídio.
Nisso tudo há ainda um aspecto que permaneceu vergonhosamente nas sombras por
décadas: as crianças nascidas de soldados alemães. De acordo com várias
estimativas, nasceram ao menos 200 mil dos chamados "filhos da ocupação",
mas estes sofreram menos que as mães, quando o governo limitou-se a proibir nomes
alemães e o estudo da língua alemã. Entretanto não foram poucos os casos de
"filhos da ocupação" que sofreram algum tipo de ataque e segregação.
A perseguição não se limitou a França, quase todos os países do bloco europeu
de aliados fizeram o mesmo. Na Noruega, cinco mil moças que deram à luz filhos
de alemães, foram condenadas a um ano e meio de trabalho forçado. Quase todas
as crianças foram declararas pelo governo como deficientes mentais e enviadas
para uma casa para retardados, onde foram mantidas até os anos 60.
Infelizmente não é tudo, a União Norueguesa para as Crianças da Guerra depois
declarou que a "desova nazista", como chamavam estas crianças,
foi usada indiscriminadamente para testar medicamentos não aprovados. Somente
em 2005, o parlamento norueguês publicou um pedido formal de desculpas a essas
vítimas inocentes e aprovou a compensação para as experiências no valor de 3
milhões de euros. Este valor pode aumentar se a vítima fornecer provas
documentais de que tenha sofrido algum tipo de discriminação racial diante do
ódio, medo e desconfiança por causa de sua origem.
Atenção: As
imagens a seguir são chocantes, não é aconselhado pessoas mais sensíveis continuar.