Contra o “império anglo-sionista”!
8 de junho de 2014
The Saker |
TERÇA-FEIRA, 26 DE
NOVEMBRO DE 2013
25/11/2013, The Saker, blog The
Vineyard of the Saker [excerto]
POR CASTOR
FILHO
Traduzido pelo
pessoal da Vila Vudu
Recadão discutido na Tendinha do Loxas na Vila Vudu:
ATENÇÃO: Em 22/11/2013, muita gente boa, pelo mundo,
festejava que a Ucrânia havia rejeitado a “integração” à União Europeia (de
fato, trata-se de um acordo comercial entre a Ucrânia e a UE, que a Ucrânia
optou por não assinar).
O clima era de comemoração, (ver em:
26/11/2013,redecastorphoto,
traduzido de Russia Today de 23/11/2013).
Em 23/11/2013, a imprensa-empresa “ocidental” só noticiava
“manifestações” na Ucrânia A FAVOR da “integração” à União Europeia. Como se
algum "povo ucraniano" tivesse saído repentinamente às ruas, em
massa, para exigir O CONTRÁRIO do que seu governo fizera na véspera e que
tantos, na véspera, haviam festejado tanto.
Como afinal se vê em 24/11/2013,
(a) as matérias de 23/11/2013 eram a
manifestação-festa de alguns mais bem informados que NÃO QUEREM SABER DE UNIÃO
EUROPEIA; e
(b) as matérias que os jornalões-empresas divulgaram em 22
e 23/11/2013 são manifestação de vastíssimos interesses apostados A
FAVOR da “integração” da Ucrânia na UE.
As matérias “jornalísticas” de 22 e 23/11/2013 foram
vendidas como se fossem fatos & jornalismo, mas não passaram de
desinformação “jornalística”, informação mal investigada, mal pesquisada e mal
construída, pura ânsianoiada de “pôr texto” (qualquer-merda) em
imagens espetaculosas de “manifestações” (ver foto de Gleb Garanish em:
Ucrânia
deu um pé-na-b#nda do “ocidente”) de meia dúzia de gatos pingados
arrastados para as ruas (e para a fotografias de espetacularização).
AGORA (24/11/2013), felizmente, The Saker, tira a
“surdina do pistão e põe as coisas no lugar”. Não traduzimos, por absoluta
falta de tempo, a MARAVILHOSA introdução sobre história da Ucrânia, que o
postado oferece. Contra o “império anglo-sionista”!
O excerto que aí vai, explica, com riqueza de informação, o que está em
discussão, mesmo, na Ucrânia, hoje. E como é discussão sobre a “anexação” pela
via de um acordo comercial leonino, de um país ainda governado por oligarquia
safada, por um bloco continental comercial riquíssimo (que o autor chama,
corretamente, de “império anglo-sionista”), é assunto muito, muito importante,
para todos os pobres do mundo. Grande Saker!
NÃO LEIA JORNAIS do grupo GAFE (Globo-Abril-FSP-Estadão). Eles
desinformam! Desligue a Globo.
A resposta curta é que se trata, aqui, do futuro da oligarquia ucraniana.
A resposta mais complexa é que se trata, aqui, do que o ocidente pode ganhar
por cooptar a oligarquia ucraniana para a esfera de influência ocidental.
Na prática, significa que enquanto o ocidente concordar em manter no
poder os oligarcas, o ocidente pode extrair da Ucrânia vantagens realmente
grandes, como um mercado para bens da União Europeia, mão de obra barata, a
possibilidade de o ocidente plantar forças da OTAN na Ucrânia (sem ter, para
isso, de admitir a Ucrânia na OTAN).
Localização política e estratégica da Ucrânia (verde) na Europa |
E, o mais importante: uma garantia muito sólida de que o ocidente poderá
ditar seus termos à oligarquia ucraniana que ficará sem alternativa que não
seja hiper-obedecer ao que o ocidente exija. Além do mais, o ocidente vê tudo
isso como jogo de soma-zero: se o ocidente ganha, a Rússia perde.
Embora absolutamente não seja catastrófico, o rompimento dos atuais laços
econômicos que ligam Rússia e Ucrânia feririam mais gravemente a Rússia, pelo
menos no curto prazo. Além disso, o ocidente também crê que a associação à
União Europeia impediria, desde já, qualquer integração posterior entre Rússia
e Ucrânia.
Parece-me que isso faça razoável sentido, simplesmente porque nenhuma
integração entre Ucrânia e Rússia é ou será possível, enquanto os oligarcas
ucranianos que hoje estão no poder lá continuarem.
Qual o real objetivo do império anglo-sionista, na Ucrânia?
Hillary Clinton |
Pouco antes de Barack Obama livrar-se dela,
Hillary
Clinton fez um comentário espantosamente franco, sobre quais seriam os
reais objetivos do Império no Leste da Europa. Disse que:
A divisão dos dialetos falados na Ucrânia mostra bem as diferentes etnias e culturas existente no país. |
Algum estrategista de poltrona poderia sugerir que a solução “óbvia”
seria dividir a Ucrânia em duas ou mais partes e deixar que cada parte
escolhesse o que bem entendesse, mas essa “solução” tem duas grandes
dificuldades: primeiro, partir em pedaços país artificialmente configurado é
coisa extremamente perigosa de fazer (lembrem a Bósnia ou Kosovo!); e, segundo,
não há absolutamente meio algum de conseguir que o ocidente e seus fantoches
ucranianos nacionalistas aceitem essa “solução” (eles insistem, até, que a
Península da Crimeia seria parte natural eterna da Ucrânia... apesar de ter
sido doada por Khrushchev à República Socialista Soviética Ucraniana, em
1954!).
Viktor Yanukovich |
Por fim, a Ucrânia ocidental é uma placa de Petri onde se reproduzem
todas as bactérias da histeriarussofóbica, muitas vezes mediante
propaganda claramente neonazista, que jamais aceitará qualquer acordo com os
odiados Moskals (russos, ou “moscovitas” pelo léxico
nacionalista).
Nursultan Nazarbaev |
Se se examina o que aconteceu nos últimos cerca de 20 anos, vê-se logo
que a Ucrânia meteu-se no atual pesadelo; e que Rússia, Bielorrússia e
Cazaquistão saíram-se muito melhor. A explicação passa por três palavras:
Aleksandr Lukashenco |
Há quem, na imprensa-empresa ocidental, esteja apresentando a decisão de
Yanukovich, de descartar quaisquer outras negociações sobre a associação à
União Europeia, como enorme vitória estratégica para Putin e a Rússia.
Pessoalmente, discordo. Embora seja verdade que graças a essa decisão
Yanukovich conseguiu adiar o colapso da economia ucraniana, o movimento não
passa de tática de adiamento, sem qualquer modificação substancial. Além do
mais, por mais que seja vital para a Ucrânia não romper seus atuais laços
econômicos com a Rússia, o mesmo não é verdade para a Rússia, sobretudo no
longo prazo. Claro que um colapso econômico da Ucrânia seria péssimo também
para a Rússia, que não precisa de seu vizinho gigante despencado para um
“cenário bósnio”, com o perigo de a Rússia ser também arrastada no turbilhão, o
que quase inevitavelmente aconteceria. Sim, mas... ter conseguido evitar
desastre iminente na Ucrânia não é bem o que se pode chamar de “vitória
estratégica” para Putin.
Vladimir Putin |
Um “Putin ucraniano” teria de ser alguém cuja prioridade absoluta fosse
varrer do país os oligarcas ucranianos; imediatamente depois disso, teria de
indicar claramente aos anglo-sionistas que não são bem-vindos, com suas
ambições de senhores coloniais; e em terceiro lugar, trabalhar para conseguir o
melhor acordo possível para o povo ucraniano, numa futura União Eurasiana. Até
aqui, não se vê nem sinais de que figura desse tipo esteja emergindo na
Ucrânia.
Notas dos
tradutores
[1] Nursultan
Äbişulı Nazarbaev, presidente do Cazaquistão, eleito em 1991 e reeleito em
1999. Presidente até hoje.
[2] Aleksandr Grigorievitch Lukashenko ou Łukašenka, presidente da Bielorrússia, eleito pela primeira vez em 1994 e várias vezes reeleito.
[2] Aleksandr Grigorievitch Lukashenko ou Łukašenka, presidente da Bielorrússia, eleito pela primeira vez em 1994 e várias vezes reeleito.
POR CASTOR
FILHO