O cartaz diz: Obrigado mídia corporativa: nós não poderíamos controlar o povo sem você. |
4 de maio de 2014
Em: dinamicaglobal
Se não estão prevenidos ante os meios de comunicação, os farão amar ao
opressor e odiar ao oprimido. (Malcolm X, 1925-1965).
O novo modus operandi da imprensa globalizada ou mostra o reciente
artículo do repórter da NBC News, Jim Maceda publicado sob o título “Tour of
Ukranian Russian border, finds non signs of military buildup” (A viagem ao
largo da fronteira entre Ucrânia e Rússia mostra que não há sinais de
movimentos de tropas (russas)”. Contudo, no dia seguinte a NBC News mudou o
título do mesmo artigo anunciando: “No signs of Russian troops withdrawal from
Ucrânian border” (Não há sinais da saída das tropas russas da fronteira com
Ucrânia).
O mesmo sucede com a apresentação das notícias sobre a Venezuela. A
semana passada o Escritório da Organização de Nações Unidas (ONU) na Venezuela
emitiu um comunicado em que “saúda o esforço tem realizo na ocasião das
conferências nacionais e regionais de paz e o anúncio feito pelo Sr. Presidente
Nicolás Maduro sobre a criação do Conselho Nacional de Direitos Humanos”.
Também a ONU felicitou ao presidente por seus esforços para promover a paz no
país e rejeitou “qualquer feito violento, a destruição da propriedade pública e
privada e o obstáculo à livre circulação de cidadãos”. No entanto, a imprensa
globalizada não viu nem escutou, pior ainda silenciou o feito seguindo o
memorando 23 de janeiro passado do presidente Obama sinalizando que “incitar a violência
popular poderia ajudar tirar o presidente Maduro do poder”.
O que estão ocultando os meios de comunicação globalizados são as perdas
pelos danos causados ao país provocadas pelos manifestantes opositores que
superam já 10.000 milhões de dólares, segundo os dados da equipe econômica do
governo. No estado Lara estes “manifestantes pacíficos” trataram de queimar
médicos cubanos pulverizando-os de gasolina nos consultórios onde atendem a
milhares de pessoas cada mês. No estado de Táchira atacaram as instalações da
Universidade nacional Experimental das Forças Armadas afetando mais de 5.600
estudantes. Em vista desse vandalismo a imprensa globalizada está guardando um
profundo silencio ou simplesmente estão sinalizando ao governo como o
responsável pela violência. Os periodistas a serviço dos globalizadores estão
propagando esta informação dia a dia como parte da guerra midiática, usando mensagens
repetitivas para criar uma imagem completamente distorcida da crise na
Venezuela e ocultando o feito que os distúrbios ocorrem somente em 18 das 335
municipalidades do país.
O mesmo está sofrendo a Síria desde março de 2011 quando se iniciou a
propagação de notícias internacionais capciosas para preparar à audiência
mundial para uma possível agressão ou invasão contra o país. Os laboratórios de
desinformação e aproveitando-se do terrorismo foram estabelecidos sob a tutela
da CIA e a DIA (a Agência de Inteligência do Pentágono) na Turquia, Jordânia e
Chipre criando uma rede de periodistas, intelectuais assalariados e redes de
meios de comunicação para propagar “a notícia mentira” permanentemente para
confundir a opinião pública mundial. O canal do Qatar, Al-Jazeera, alguma vez
um meio alternativo, se converteu com a ajuda da CIA em um dos centros da
guerra midiática contra o governo legítimo da Síria encabeçado pelo presidente
Bashar Al-Assad quem já em 2003 foi declarado o “inimigo dos EUA ao negar-se a
prestar seu território às forças militares dos EUA para bombardear o Iraque.
A frustração que teve Washington pela Rússia não permitir a mudança de
regime na Síria e ao observar o início do acercamento do Irã e posteriormente sentir-se
incapaz de prevenir o retorno da Criméia aos braços de Moscou, produziu grande
irritação no governo de Obama cujo resultado foi a intensificação da guerra
midiática contra a liderança de Putin, esperando o apoio da oposição russa e a
elaboração das sanções econômicas contra este país. Estados Unidos estava
preparando-se para este processo desde 2012 quando iniciou uma campanha
midiática contra os meios de comunicação russos, devido ao aumento da
informação alternativa em contraste à desinformação globalizada elaborada por
Washington e seu aliado incondicional Bruxelas.
Parece que a irritação de Washington com Moscou tem cegado a capacidade
analítica dos “iluminados” ao elaborar as sanções que na realidade afetam mais
os interesses norte-americanos que os russos. Inclusive os líderes dos EUA, oferecem
sem dar-se conta, certa vantagem ideológica a Moscou apesar do que os dois
países falam o mesmo idioma capitalista. O interessante e o que é novo dessa
vez, é que as sanções contra algumas personalidades russas foram proibidas de
entrar na UE e possuir bens ali não as declara a primeira superpotência do
mundo, senão sua incondicional satélite, a União Européia. Assim nesta lista
absurda aparece o diretor geral da recém formada agência internacional “Rossiya
Segodnya”, o conhecido apresentador de televisão Dmitriy Kiseliov. Resultou que
este homem tem sido o único periodista afetado pelas sanções. Qualquer
estudioso de propaganda diria que a seleção de um periodista para o castigo
produziria um efeito contraditório ao desejado por seus autores, pois faz
crescer o personagem e ao meio de comunicação que ele representa. Também mostra
a insegurança dos castigadores.
Tanto a União Européia como seus curadores em Washington estão perdendo a
guerra da informação que eles têm desatado contra a Venezuela, a Síria, o Irã e
a Rússia.
E o curioso de tudo isso é que recentemente
Washington ameaçou com sanções à mesma União Européia por atrever-se a declarar
como uma necessidade urgente a criação da sua própria rede de comunicação
eletrônica independente dos Estados Unidos para proteger a privacidade dos
europeus. Atualmente mais de 70 por cento do tráfego eletrônico na Europa passa
através da América do Norte e no caso do outro satélite dos EUA, ou seja o
Canadá, 90 por cento.
O mesmo sucede com a América Latina e a Rússia. Assim Washington assegura
sua hegemonia na fluidez e disseminação da informação a nível global
acomodando-a a seus próprios interesses nacionais.
Os que se atrevem dentro dos Estados Unidos a investigar, buscar fontes
alternativas de informação ou simplesmente se dedicam ao jornalismo
informativo, “estão intimidados e perseguidos por atrever-se a expor o alcance
das atividades secretas do governo”, segundo a advogada italiana e
representante da Associação Internacional de Juristas Democratas (AIJD), Micól
Savia. Esta jurista afirmou que em seu afã de encontrar as fontes da informação
classificada publicada pela imprensa, “o governo chegou a registrar as
comunicações e os movimentos de repórteres”.
Para confirmar este feito citou o caso do periodista independente
colaborador de “The Guardian” e “Vanity Fair, Berret Brown “quem se enfrentou a
uma acusação que podia supor 105 anos de cárcere por haver publicado um
hipervínculo a uma série de documentos confidenciais da agencia privada de
inteligencia Stratfor, ¨hackeado por “Anonymous”.
Brown esteve em prisão mais de um ano e posteriormente foi imposta a
proibição a ele e seus advogados de falar de seu caso com a imprensa”. Quase o
mesmo está sucedendo na Europa. O Reino Unido, que sempre esteve caracterizado
por uma legislação muito avançada em materia de libertade de imprensa, está
experimentando uma regressão neste campo. Como exemplo Micól Savia quem citou
as pressões que exerceu o governo britânico sobre o diário “The Guardian” para
impedir a publicação dos documentos relativos ao programa de vigilância em
massa por parte da Agencia de Segurança Nacional (NSA) de EUA e sua homóloga
britânica GCHQ e suas ordens de destruir discos rígidos com documentos
entregues por Edward Snowden. O que finalmente “The Guardian” teve que cumprir.
Tomando em conta todo o que está passando nos Estados Unidos e na União
Européia com respeito à veracidade da informação e a liberdade de imprensa,
podemos dar a razão ao diretor da agencia Rossia Segodnia, Dmitriy Kiseliov
quem sustenta que “atualmente temos invertido os papeis. A Rússia aposta pela
liberdade de expressão, enquanto que o Ocidente já não faz assim. Tem-se
produzido mudanças tectônicas na civilização. Na Rússia é possível abordar
qualquer tema, existem canais de televisão, radios e periódicos para todos os
gostos e não se bloqueia o acesso a internet. Não há nenhuma obra literaria
proibida. É publicado tudo, a exceção do que está diretamente prescrito pela
Constituição”. Resulta que inclusive se conhecem os nomes dos opositores, como
Serguey Parjomenko, Alexey Navalniy, Valeriya Novodvorkaya que aconselharam o
departamento de Estado e a Comisão Européia sobre as personalidades russas que
devem ser proibidas de entrar no territorio da União Européia.
Parece que tanto Washington como Bruxelas, lançando ameaças a todo o
mundo que questiona seus intentos de impor seu controle global disseminando uma
tosca desinformação, não se dão conta de que sua hegemonia informativa tem
acabado. Atualmente existem várias agências informativas alternativas como Prensa
Latina, TeleSur, HispanTV, Chinese Central Television (CCTV), Russia Today
(RT), Russia Segodnia, Press TV, Red Voltaire, Al-Manar, Halak TV entre muitas
outras que estão desafiando aos meios de comunicação corporativos globalizados
com o propósito de romper o monopólio da informação anglo-saxônico.
Disse alguma vez o escritor belga Paul Carvel referindo-se aos meios de
comunicação globalizados que “a televisão te lava o cérebro e a internet te
elimina toda a resistência do passado”. A imprensa alternativa tem que tomar
tudo isto em conta para que sua televisão aporte o conhecimento e a internet
conecte o presente com o passado e o futuro. Há bastante tempo Gabriel García
Márquez falando do jornalismo afirmou que “o jornalismo é o melhor ofício do
mundo e uma paixão insaciável que só pode digerir-se e humanizar-se por sua
confrontação desmascarada com a realidade”. Somente assim as notícias e a
verdade se convertem na mesma coisa.
Traduzido para publicação em dinamicaglobal.wordpress.com
Fonte: Ria
Novosti
http://dinamicaglobal.wordpress.com/2014/05/04/a-guerra-midiatica-pelo-controle-do-mundo/