domingo, 4 de maio de 2014

A guerra midiática pelo controle do mundo.

O cartaz diz: Obrigado mídia corporativa: nós não poderíamos controlar o povo sem você.

4 de maio de 2014


Se não estão prevenidos ante os meios de comunicação, os farão amar ao opressor e odiar ao oprimido. (Malcolm X, 1925-1965).
 Os meios de comunicação corporativos globalizados tem deixado toda a sutileza e sofisticação na apresentação da desinformação e tem empreendido uma guerra midiática aberta contra todos os países que se atrevem a buscar os caminhos alternativos de desenvolvimento socioeconômico que não coincide com o neoliberalismo imposto pelos Estados Unidos.
O novo modus operandi da imprensa globalizada ou mostra o reciente artículo do repórter da NBC News, Jim Maceda publicado sob o título “Tour of Ukranian Russian border, finds non signs of military buildup” (A viagem ao largo da fronteira entre Ucrânia e Rússia mostra que não há sinais de movimentos de tropas (russas)”. Contudo, no dia seguinte a NBC News mudou o título do mesmo artigo anunciando: “No signs of Russian troops withdrawal from Ucrânian border” (Não há sinais da saída das tropas russas da fronteira com Ucrânia).
O mesmo sucede com a apresentação das notícias sobre a Venezuela. A semana passada o Escritório da Organização de Nações Unidas (ONU) na Venezuela emitiu um comunicado em que “saúda o esforço tem realizo na ocasião das conferências nacionais e regionais de paz e o anúncio feito pelo Sr. Presidente Nicolás Maduro sobre a criação do Conselho Nacional de Direitos Humanos”. Também a ONU felicitou ao presidente por seus esforços para promover a paz no país e rejeitou “qualquer feito violento, a destruição da propriedade pública e privada e o obstáculo à livre circulação de cidadãos”. No entanto, a imprensa globalizada não viu nem escutou, pior ainda silenciou o feito seguindo o memorando 23 de janeiro passado do presidente Obama sinalizando que “incitar a violência popular poderia ajudar tirar o presidente Maduro do poder”.

  A mensagem não pode ser mais clara para os meios de comunicação globalizados que se desdobraram em apresentar durante estes últimos dois meses a violência na Venezuela como a luta pela democracia para acabar com a “ditadura do governo”. Inclusive se elaborou em Washington “O Plano Estratégico para a Venezuela” supondo que a crise nas ruas facilitará a intervenção da América do Norte e das forças da OTAN com o apoio da Colômbia. Para dar um maior estímulo à oposição e tornando mais eficaz a guerra midiática, a Câmara de Representantes do Congresso dos EUA aprovou em 4 de março passado a Resolução 488 (R488) por 393 votos e um contra o apoio “do povo da Venezuela que protesta pacificamente em defesa da democracia e contra o crime exortando o fim da atual violência”.
O que estão ocultando os meios de comunicação globalizados são as perdas pelos danos causados ao país provocadas pelos manifestantes opositores que superam já 10.000 milhões de dólares, segundo os dados da equipe econômica do governo. No estado Lara estes “manifestantes pacíficos” trataram de queimar médicos cubanos pulverizando-os de gasolina nos consultórios onde atendem a milhares de pessoas cada mês. No estado de Táchira atacaram as instalações da Universidade nacional Experimental das Forças Armadas afetando mais de 5.600 estudantes. Em vista desse vandalismo a imprensa globalizada está guardando um profundo silencio ou simplesmente estão sinalizando ao governo como o responsável pela violência. Os periodistas a serviço dos globalizadores estão propagando esta informação dia a dia como parte da guerra midiática, usando mensagens repetitivas para criar uma imagem completamente distorcida da crise na Venezuela e ocultando o feito que os distúrbios ocorrem somente em 18 das 335 municipalidades do país.
O mesmo está sofrendo a Síria desde março de 2011 quando se iniciou a propagação de notícias internacionais capciosas para preparar à audiência mundial para uma possível agressão ou invasão contra o país. Os laboratórios de desinformação e aproveitando-se do terrorismo foram estabelecidos sob a tutela da CIA e a DIA (a Agência de Inteligência do Pentágono) na Turquia, Jordânia e Chipre criando uma rede de periodistas, intelectuais assalariados e redes de meios de comunicação para propagar “a notícia mentira” permanentemente para confundir a opinião pública mundial. O canal do Qatar, Al-Jazeera, alguma vez um meio alternativo, se converteu com a ajuda da CIA em um dos centros da guerra midiática contra o governo legítimo da Síria encabeçado pelo presidente Bashar Al-Assad quem já em 2003 foi declarado o “inimigo dos EUA ao negar-se a prestar seu território às forças militares dos EUA para bombardear o Iraque.
A frustração que teve Washington pela Rússia não permitir a mudança de regime na Síria e ao observar o início do acercamento do Irã e posteriormente sentir-se incapaz de prevenir o retorno da Criméia aos braços de Moscou, produziu grande irritação no governo de Obama cujo resultado foi a intensificação da guerra midiática contra a liderança de Putin, esperando o apoio da oposição russa e a elaboração das sanções econômicas contra este país. Estados Unidos estava preparando-se para este processo desde 2012 quando iniciou uma campanha midiática contra os meios de comunicação russos, devido ao aumento da informação alternativa em contraste à desinformação globalizada elaborada por Washington e seu aliado incondicional Bruxelas.
Parece que a irritação de Washington com Moscou tem cegado a capacidade analítica dos “iluminados” ao elaborar as sanções que na realidade afetam mais os interesses norte-americanos que os russos. Inclusive os líderes dos EUA, oferecem sem dar-se conta, certa vantagem ideológica a Moscou apesar do que os dois países falam o mesmo idioma capitalista. O interessante e o que é novo dessa vez, é que as sanções contra algumas personalidades russas foram proibidas de entrar na UE e possuir bens ali não as declara a primeira superpotência do mundo, senão sua incondicional satélite, a União Européia. Assim nesta lista absurda aparece o diretor geral da recém formada agência internacional “Rossiya Segodnya”, o conhecido apresentador de televisão Dmitriy Kiseliov. Resultou que este homem tem sido o único periodista afetado pelas sanções. Qualquer estudioso de propaganda diria que a seleção de um periodista para o castigo produziria um efeito contraditório ao desejado por seus autores, pois faz crescer o personagem e ao meio de comunicação que ele representa. Também mostra a insegurança dos castigadores.
Tanto a União Européia como seus curadores em Washington estão perdendo a guerra da informação que eles têm desatado contra a Venezuela, a Síria, o Irã e a Rússia. 
E o curioso de tudo isso é que recentemente Washington ameaçou com sanções à mesma União Européia por atrever-se a declarar como uma necessidade urgente a criação da sua própria rede de comunicação eletrônica independente dos Estados Unidos para proteger a privacidade dos europeus. Atualmente mais de 70 por cento do tráfego eletrônico na Europa passa através da América do Norte e no caso do outro satélite dos EUA, ou seja o Canadá, 90 por cento. 
O mesmo sucede com a América Latina e a Rússia. Assim Washington assegura sua hegemonia na fluidez e disseminação da informação a nível global acomodando-a a seus próprios interesses nacionais.
Os que se atrevem dentro dos Estados Unidos a investigar, buscar fontes alternativas de informação ou simplesmente se dedicam ao jornalismo informativo, “estão intimidados e perseguidos por atrever-se a expor o alcance das atividades secretas do governo”, segundo a advogada italiana e representante da Associação Internacional de Juristas Democratas (AIJD), Micól Savia. Esta jurista afirmou que em seu afã de encontrar as fontes da informação classificada publicada pela imprensa, “o governo chegou a registrar as comunicações e os movimentos de repórteres”.
Para confirmar este feito citou o caso do periodista independente colaborador de “The Guardian” e “Vanity Fair, Berret Brown “quem se enfrentou a uma acusação que podia supor 105 anos de cárcere por haver publicado um hipervínculo a uma série de documentos confidenciais da agencia privada de inteligencia Stratfor, ¨hackeado por “Anonymous”.
Brown esteve em prisão mais de um ano e posteriormente foi imposta a proibição a ele e seus advogados de falar de seu caso com a imprensa”. Quase o mesmo está sucedendo na Europa. O Reino Unido, que sempre esteve caracterizado por uma legislação muito avançada em materia de libertade de imprensa, está experimentando uma regressão neste campo. Como exemplo Micól Savia quem citou as pressões que exerceu o governo britânico sobre o diário “The Guardian” para impedir a publicação dos documentos relativos ao programa de vigilância em massa por parte da Agencia de Segurança Nacional (NSA) de EUA e sua homóloga britânica GCHQ e suas ordens de destruir discos rígidos com documentos entregues por Edward Snowden. O que finalmente “The Guardian” teve que cumprir.
Tomando em conta todo o que está passando nos Estados Unidos e na União Européia com respeito à veracidade da informação e a liberdade de imprensa, podemos dar a razão ao diretor da agencia Rossia Segodnia, Dmitriy Kiseliov quem sustenta que “atualmente temos invertido os papeis. A Rússia aposta pela liberdade de expressão, enquanto que o Ocidente já não faz assim. Tem-se produzido mudanças tectônicas na civilização. Na Rússia é possível abordar qualquer tema, existem canais de televisão, radios e periódicos para todos os gostos e não se bloqueia o acesso a internet. Não há nenhuma obra literaria proibida. É publicado tudo, a exceção do que está diretamente prescrito pela Constituição”. Resulta que inclusive se conhecem os nomes dos opositores, como Serguey Parjomenko, Alexey Navalniy, Valeriya Novodvorkaya que aconselharam o departamento de Estado e a Comisão Européia sobre as personalidades russas que devem ser proibidas de entrar no territorio da União Européia.
Parece que tanto Washington como Bruxelas, lançando ameaças a todo o mundo que questiona seus intentos de impor seu controle global disseminando uma tosca desinformação, não se dão conta de que sua hegemonia informativa tem acabado. Atualmente existem várias agências informativas alternativas como Prensa Latina, TeleSur, HispanTV, Chinese Central Television (CCTV), Russia Today (RT), Russia Segodnia, Press TV, Red Voltaire, Al-Manar, Halak TV entre muitas outras que estão desafiando aos meios de comunicação corporativos globalizados com o propósito de romper o monopólio da informação anglo-saxônico.
Disse alguma vez o escritor belga Paul Carvel referindo-se aos meios de comunicação globalizados que “a televisão te lava o cérebro e a internet te elimina toda a resistência do passado”. A imprensa alternativa tem que tomar tudo isto em conta para que sua televisão aporte o conhecimento e a internet conecte o presente com o passado e o futuro. Há bastante tempo Gabriel García Márquez falando do jornalismo afirmou que “o jornalismo é o melhor ofício do mundo e uma paixão insaciável que só pode digerir-se e humanizar-se por sua confrontação desmascarada com a realidade”. Somente assim as notícias e a verdade se convertem na mesma coisa.

Traduzido para publicação em dinamicaglobal.wordpress.com
Fonte: Ria Novosti

http://dinamicaglobal.wordpress.com/2014/05/04/a-guerra-midiatica-pelo-controle-do-mundo/