Revista da família Marinho vê Brasil sob
tempestade de granizo, pestes, trevas e mortandade
publicado em 13 de abril de 2014 às 20:24
Em: viomundo
Um clima de desencanto se
espalhou pelo país com a enxurrada de más notícias que se abatem sobre o país,
como as pragas do Egito. Alta na inflação, falta d’água, risco de apagão,
atraso nas obras da Copa, intervenção na Olimpíada, corrupção na Petrobras e em
tantas outras esferas de governo – a situação realmente não está fácil.
de Hélio Gurovitz, em editorial da revista Época
As dez pragas do Egito, segundo a Wikipedia:
conversão de águas em sangue, invasão de rãs, piolhos e moscas, doenças nos
animais, úlceras e tempestade de granizo, nuvens de gafanhotos, trevas e morte
dos primogênitos.
Impressionante os Estados Unidos, com um PIB quatro vezes e meia maior
do que o Brasil, terem um indicador de saúde e de bem estar (esperança de vida,
morte por doenças entre 30 e 70, taxas de obesidade, mortes por poluição do ar,
taxa de suicídios) significativamente pior do que o Brasil. Situação pior ainda
em sustentabilidade, devido em particular à massa de emissões de gases de
efeito de estufa, uso da água além das reservas e redução de biodiversidade e
habitat natural. A Argentina, aliás, fica pior ainda neste quesito. Os itens
críticos para o Brasil, naturalmente, são os de segurança, com 37,50 pontos, e
de acesso à educação superior, com 38,09 pontos. Na análise dos autores,
“entre os países dos BRICS, o Brasil apresenta o perfil de progresso social
mais forte e mais “equilibrado”. Apresenta alguma fraqueza em Necessidades
Humanas Básicas (puxada pelo score muito baixo de 37,50 para Segurança
Pessoal), mas apresenta uma performance consistentemente boa em todos os
componentes tanto dos Fundamentos de Bem Estar como de Oportunidades, com
exceção de Educação Superior (38,09, 76º).” Comparando com o conjunto dos
BRICS, o relatório considera que “quatro dos cinco BRICS fazem parte do quarto
nível, inclusive Brasil 46º com um score de 69,97, África do Sul 69º com 62,96,
Rússia 80º com 60,79, e China 90º com 58,67. A Índia fica fora dos 100
primeiros em termos de progresso social, com um score mal superando 50. Os países
da América latina estão bem representados no quarto grupo. Argentina 42º,
Brasil 46º, e Colômbia, México e Peru colocados nos lugares 52º, 54º e 55º
respectivamente”.
Dilemas da mídia na democracia
O dilema, na democracia, não é entre uma imprensa calada ou essa que
temos. Uma imprensa monopolizada por algumas famílias, que atua como um partido
político.
A Presidente Dilma Rousseff costuma dizer que “prefere a imprensa
barulhenta que calada”. Só que esse dilema se colocava na ditadura, quando a
imprensa podia ser calada pela ditadura e era preferível que, qualquer que
fosse sua orientação, permanecesse livre para expressá-la.
Na democracia as opções são outras. Ninguém quer calar a imprensa. Essa é
a versão que ela busca dar das propostas de democratização dos meios de
comunicação. Estas, ao contrário, não querem que ninguém deixe de falar, mas
que muito mais gente, oxalá todos, possam se expressar.
O dilema, na democracia, não é, então, entre uma imprensa calada ou essa
que temos. Uma imprensa monopolizada por algumas famílias, que define o que
diz, como, quando, que pretende ser o partido de oposição, que distorce e/ou
esconde a verdade. Uma imprensa financiada pelas agências de publicidade e,
através destas, pelas grandes empresas, que colocam publicidade e, por meio
delas, condicionam o funcionamento da imprensa.
Uma imprensa que escolhe quem vai escrever, como e quando, alinhando-se
abertamente – conforme confissão explicita disso – como partido politico da
oposição. Uma imprensa que, apenas dos índices econômicos revelarem o oposto: a
economia cresce, aumenta o nível de emprego, os salários sobem acima da
inflação, a inflação está controlada – cria um clima de incerteza, de
preocupação, de insegurança, que por sua vez, se reflete em pesquisas
manipuladas. Essa a imprensa que temos hoje, que condiciona as chamadas
“agências de risco”, que pressiona sistematicamente o governo pelo aumento da
taxa de juros, que representa não a população, mas o capital financeiro.
A alternativa a essa mídia antidemocrática não é calá-la. É democratizar
a formação da opinião publica, limitando o poder monopolista dos meios atuais,
abrindo canais alternativos da mídia – TV, rádio, jornais, internet. Ao não
avançar em nada nessa direção, o governo é vitima da monopolização
antidemocrática da mídia.
A mídia criou um clima de “terrorismo econômico”. E no marco de um modelo
hegemonizado pelo capital especulativo, sumamente volátil e sensível a
movimentos bruscos, esse clima tem efeito, aqui e lá fora. E o governo assiste
impassível a essas manobras que anulam as tentativas do governo de canalizar
recursos para os investimentos produtivos. O governo reage defensivamente,
aumentando sucessivamente a taxa de juros diante do fantasma artificialmente
construído do risco inflacionário. Reage exatamente como os especuladores e
seus ventríloquos na mídia desejam – aumentando as tendências recessivas, pela
atração dos capitais para a especulação.
Os boatos, o pânico forjado, o terrorismo da inflação, ao não ter
respostas politicas, se tornam forças materiais e as auto profecias se cumprem,
deixando o governo em um circulo vicioso. Sem democratização dos meios de
comunicação, quebrando essa cadeia antidemocrática e especulativa, nem sequer a
retomada do crescimento econômico será possível e sustentável. O dilema da
mídia na democracia não é entre mídia monopolista ou silêncio, mas entre
terrorismo econômico da ditadura midiática ou democratização dos meios de
comunicação.