quinta-feira, 6 de março de 2014

EUA caem para 46º lugar  na liberdade de imprensa

Num ranking de 180 países, os EUA caíram para o 46º lugar, abaixo da Romênia e de El Salvador.






 “A Administração Obama é a mais agressiva e antijornalística administração dos EUA da história moderna”, declarou James Risen, jornalista do The New York Times, ao apresentar em Washington o relatório da organização independente Repórteres sem Fronteiras sobre a liberdade de imprensa.


Num ranking de 180 países, os EUA caíram para o 46º lugar, abaixo da Romênia e de El Salvador.


Nenhuma administração dos democratas tinha ainda sido acusada de tão grandes atropelos à liberdade dos jornalistas como a Administração Obama. A organização Repórteres sem Fronteiras se dedica à defesa da liberdade de informação e do direito dos jornalistas de informarem sobre o trabalho das instituições governamentais. Ela elabora o seu índice desde 2002 e tem a sua sede em Paris.





O relatório referente a 2013 sublinha que o recuo até aos tempos da perseguição aos jornalistas, por estes revelarem a verdade, está diretamente relacionado com a espionagem global dos Estados Unidos.


Em primeiro lugar com as ameaças e perseguições contra os denunciantes e os jornalistas que tentam revelar a escala da vigilância mundial, escutas de conversas telefônicas e a violação da correspondência eletrônica pela NSA. Essa agência tem espiado e continua a espiar os norte-americanos, os líderes dos 35 maiores países do mundo, escutou conversas de diplomatas da ONU, reuniões de embaixadores nas embaixadas dos outros países em Washington e por todo o mundo e nas missões da ONU em Nova York. Anualmente são recolhidos dados de 5 bilhões de assinantes de telecomunicações móveis por todo o mundo.


Ouvir dizer que a Administração Obama é agressiva da parte de um jornal que sempre foi favorável ao Partido Democrático, aos seus presidentes e congressistas, nem sequer é uma vergonha. É uma sentença. James Risen é um dos mais conhecidos representantes do jornalismo de investigação dos EUA. Neste momento está sendo analisado pelo Supremo Tribunal dos EUA o caso “Risen versus Governo dos Estados Unidos”. Ele tenciona confirmar o direito dos jornalistas de não revelarem as suas fontes de informação, quando estas possam ser sujeitas a perseguições políticas. Um dos últimos materiais de James Risen se baseou em dados de um denunciante da CIA dos Estados Unidos.


“O ano de 2013 irá entrar na história como o pior ano para a liberdade de imprensa nos Estados Unidos”, considera Risen:
“Porque digo isso? Porque a Administração empreende todos os esforços possíveis para calar os jornalistas e os denunciantes. Porque o governo e o aparelho dos serviços secretos exercem uma limitação sem precedentes da opinião pública no que toca às informações acerca da sua atividade.”


Além disso, a partir de 10 de fevereiro surgiu na Internet um novo jornal digital denunciante. Ele se chama The Intercept (O Intercetor) e foi criado com base no projeto First Look Media fundado pelo criador do leilão online eBay Pierre Omidyar. O The Intercept é editado sob redação de Glenn Greenwald, o antigo repórter do The Guardian que foi o primeiro a publicar o “dossiê Snowden”. A First Look Media tenciona lançar mais sites temáticos de denúncia: sobre a corrupção nos altos círculos do poder, sobre a violação da legalidade e dos direitos dos cidadãos, sobre a ocultação de informações e outros. Edward Snowden, afirma Greenwald, “já não estará só e nós iniciaremos um novo capítulo contra os abusos dos serviços secretos”.


A opinião pública deve saber o que faz o governo e os seus serviços secretos, diz o produtor da nova revista eletrônica, o também famoso repórter norte-americano Jeremy Scahil:

“Nos últimos meses nós assistimos a uma séria escalada nas ameaças contra os jornalistas e os denunciantes por parte da Administração Obama e do Congresso. O diretor da Inteligência Nacional dos EUA James Clapper afirma quase abertamente que os jornalistas que divulgam os documentos de Snowden são cúmplices de um crime e traidores aos EUA. O vice-almirante Michael Rogers, o novo diretor da NSA, entrou simplesmente em fúria e começou a atacar os jornalistas e o próprio Edward Snowden. Neste momento ele faz acusações completamente infundadas que Snowden seria alegadamente um agente dos serviços secretos russos ou que colabora com os mesmos.”


03 Março, 2014
13 Fevereiro, 17:50