EUA caem para 46º lugar na liberdade de imprensa
Num ranking de 180 países, os EUA caíram para o 46º lugar, abaixo da
Romênia e de El Salvador.
Por: Andrei
Fedyashin
“A Administração Obama é a mais agressiva e
antijornalística administração dos EUA da história moderna”, declarou James
Risen, jornalista do The New York Times, ao apresentar em Washington o
relatório da organização independente Repórteres sem Fronteiras sobre a
liberdade de imprensa.
Num ranking de 180 países, os EUA
caíram para o 46º lugar, abaixo da Romênia e de El Salvador.
Nenhuma administração dos
democratas tinha ainda sido acusada de tão grandes atropelos à liberdade dos
jornalistas como a Administração Obama. A organização Repórteres sem Fronteiras
se dedica à defesa da liberdade de informação e do direito dos jornalistas de
informarem sobre o trabalho das instituições governamentais. Ela elabora o seu
índice desde 2002 e tem a sua sede em Paris.
O relatório referente a 2013
sublinha que o recuo até aos tempos da perseguição aos jornalistas, por estes
revelarem a verdade, está diretamente relacionado com a espionagem global dos
Estados Unidos.
Em primeiro lugar com as ameaças
e perseguições contra os denunciantes e os jornalistas que tentam revelar a
escala da vigilância mundial, escutas de conversas telefônicas e a violação da
correspondência eletrônica pela NSA. Essa agência tem espiado e continua a
espiar os norte-americanos, os líderes dos 35 maiores países do mundo, escutou
conversas de diplomatas da ONU, reuniões de embaixadores nas embaixadas dos
outros países em Washington e por todo o mundo e nas missões da ONU em Nova
York. Anualmente são recolhidos dados de 5 bilhões de assinantes de
telecomunicações móveis por todo o mundo.
Ouvir dizer que a Administração
Obama é agressiva da parte de um jornal que sempre foi favorável ao Partido
Democrático, aos seus presidentes e congressistas, nem sequer é uma vergonha. É
uma sentença. James Risen é um dos mais conhecidos representantes do jornalismo
de investigação dos EUA. Neste momento está sendo analisado pelo Supremo
Tribunal dos EUA o caso “Risen versus Governo dos Estados Unidos”. Ele tenciona
confirmar o direito dos jornalistas de não revelarem as suas fontes de
informação, quando estas possam ser sujeitas a perseguições políticas. Um dos
últimos materiais de James Risen se baseou em dados de um denunciante da CIA
dos Estados Unidos.
“O ano de 2013 irá entrar na
história como o pior ano para a liberdade de imprensa nos Estados Unidos”,
considera Risen:
“Porque digo isso? Porque a
Administração empreende todos os esforços possíveis para calar os jornalistas e
os denunciantes. Porque o governo e o aparelho dos serviços secretos exercem
uma limitação sem precedentes da opinião pública no que toca às informações
acerca da sua atividade.”
Além disso, a partir de 10 de
fevereiro surgiu na Internet um novo jornal digital denunciante. Ele se chama
The Intercept (O Intercetor) e foi criado com base no projeto First Look Media
fundado pelo criador do leilão online eBay Pierre Omidyar. O The Intercept é
editado sob redação de Glenn Greenwald, o antigo repórter do The Guardian que
foi o primeiro a publicar o “dossiê Snowden”. A First Look Media tenciona
lançar mais sites temáticos de denúncia: sobre a corrupção nos altos círculos
do poder, sobre a violação da legalidade e dos direitos dos cidadãos, sobre a
ocultação de informações e outros. Edward Snowden, afirma Greenwald, “já não
estará só e nós iniciaremos um novo capítulo contra os abusos dos serviços
secretos”.
A opinião pública deve saber o
que faz o governo e os seus serviços secretos, diz o produtor da nova revista
eletrônica, o também famoso repórter norte-americano Jeremy Scahil:
“Nos últimos meses nós assistimos
a uma séria escalada nas ameaças contra os jornalistas e os denunciantes por
parte da Administração Obama e do Congresso. O diretor da Inteligência Nacional
dos EUA James Clapper afirma quase abertamente que os jornalistas que divulgam
os documentos de Snowden são cúmplices de um crime e traidores aos EUA. O
vice-almirante Michael Rogers, o novo diretor da NSA, entrou simplesmente em
fúria e começou a atacar os jornalistas e o próprio Edward Snowden. Neste
momento ele faz acusações completamente infundadas que Snowden seria
alegadamente um agente dos serviços secretos russos ou que colabora com os
mesmos.”
03 Março, 2014
13 Fevereiro, 17:50