Renovação da frota colocou o Brasil
entre as quatro maiores indústrias navais
Por Daniel Mori
Em 27/03/2014
Mais um
navio construído no Brasil foi lançado às águas nos últimos dias. Trata-se
do Dragão do Mar, um suezmax (para o transporte de óleo
cru) de 274 metros de comprimento, 51 de altura, 48 de largura e uma capacidade
de transporte de 157 mil toneladas de porte bruto. Apesar da magnitude, a
embarcação é extremamente ágil, atendendo, inclusive, as limitações do estreito
Canal de Suez.
O navio foi
o mais recente a ser lançado ao mar pelo Programa de Modernização e Expansão da
Frota (Promef), criado em 2004 pelo Governo Federal. Há cerca de um mês atrás,
foi a vez dopanamax Irmã Dulce, que tem a mesma função
dos suezmax, com dimensões menores.
“O
reconhecimento da Petrobrás de que a exploração de petróleo demandava mais
navios de apoio veio de encontro com o fato de que a frota de petroleiros para
transporte de petróleo e derivados na costa brasileira era composta de navios
com mais de 20 anos e precisavam ser renovados”, disse o presidente do
SINAVAL, Ariovaldo Rocha.
Outros
seis navios, construídos a partir do Promef, estão em operação. São
eles: Navio Celso Furtado, Rômulo de Almeida, Sergio Buarque de Holanda e José
Alencar (estes navios para transporte de produtos claros e derivados de
petróleo), João Cândido e Zumbi dos Palmares (tipo suezmax).
Outros dois estão em construção: Navio Anita Garibaldi (navio de
produtos claros e escuros) e Oscar Niemeyer (para o transporte de gás
liquefeito de petróleo pressurizado). Já o Dragão do Mar seguirá para alguns
ajustes finais e depois para a fase de testes operacionais, para aí então
operar oficialmente.
Além das
embarcações já citadas, o Promef tem como meta construir até 2020 mais 17
navios só na primeira fase do programa e outros 23 na segunda fase. Todos
voltados para cabotagem (Navegação ao longo da costa, geralmente ligando portos
de um mesmo país). A demanda do programa é feita pela Transpetro, que desde sua
criação, em 1998, contribui para o avanço tecnológico e modernização do setor.
Os quase 20
anos de depressão da construção naval no país mostraram o quão importante é a
participação efetiva do estado como indutor desse tipo de indústria. Segundo o
presidente do SINAVAL, o Brasil apresenta resultados mais surpreendentes que os
três principais produtores navais. “Os principais competidores da indústria
naval internacional – Japão, Coreia do Sul e China – levaram mais de 30 anos
para atingir níveis de competitividade. A construção naval brasileira já
apresenta resultados em 14 anos de operação”, afirmou. Hoje o Brasil é o 4º
maior produtor naval do mundo.
Programa
de renovação da Frota de Apoio Marítimo (Prorefam)
Assim como o
Promef, outro programa do governo, o Prorefam é um dos grandes responsáveis
pela recuperação do setor e da geração de mais de 70 mil empregos em 14 anos. Só
em 2013 foram entregues 21 embarcações de apoio offshore que seguem a pauta
da inovação tecnológica do setor. “Os navios de apoio marítimo, em
construção ou recentemente entregues, incluem projetos da mais avançada
tecnologia hoje existente, como os dos tipos AHTS (Anchor Handling Tug Supply)
e PLSV (Pipe Laying Support Vessel), atestando a crescente especialização e a
qualificação dos estaleiros e da engenharia nacional”, ressaltou Ariovaldo
Rocha.
Ainda em
2013 foram entregues 10 embarcações de apoio portuário (que atuam nas
operações de atracação e desatracação de embarcações nos portos brasileiros), 44
de navegação interior, as chamadas barcaças graneleiras (embarcações
utilizadas no transporte de cargas pelos rios do país). Quatro projetos de
novos estaleiros também foram lançados: Vard Pomar (PE), Wilson Sons (SP) e
Aliança (RJ), assim como a ampliação do Estaleiro São Miguel (RJ).
Ariovaldo
Rocha avalia as conquistas como uma das políticas públicas mais bem sucedidas
da história do país, já que em parceria com o governo estão 17 grandes grupos,
sendo 14 de capital internacional, listados entre os mil maiores do país. “Os
estaleiros brasileiros têm como acionistas alguns dos maiores grupos empresariais
locais e internacionais, são parceiros e atuam em projetos conjuntamente com
grandes empresas internacionais. Esses investidores acreditam na continuidade
da política do governo brasileiro quanto ao conteúdo local dos projetos”,
finalizou o presidente do SINAVAL.