(Hoje em Dia) - A desestruturação
da Ucrânia – os ucranianos estão devendo 170 bilhões de dólares e os russos
estavam dispostos a ajudar quando começou a sabotagem ocidental no país –
criará graves problemas, do ponto de vista estratégico, para o Brasil.
15/03/2014
Por: Mauro Santayana
O crescimento da influência
norte-americana naquele país ameaça o desenvolvimento do projeto da Alcantara
Cyclone Space, que previa o lançamento de satélites por foguetes
ucraniano-brasileiros de grande porte, da Base Espacial de Alcântara, a partir
do ano que vem.
Em junho do ano passado, o
governo federal autorizou o aumento do capital da empresa em um bilhão de
reais, o que somado à contraparte ucraniana, chegaria a um bilhão de dólares.
Dezenas de milhões já foram gastos, em obras, no Maranhão.
Embora projetado para uso
comercial, o Cyclone pode ter utilização militar. O episódio
da ACS, nos deixa duas lições – a primeira, de que devemos estreitar nossa
cooperação espacial e militar com os BRICS – se tivéssemos feito acordo
semelhante com a Rússia ou os chineses, no lugar da Ucrânia, não estaríamos
nessa situação.
A segunda é a de que é muito mais
efetivo - mesmo que leve mais tempo para dar resultados - importar maciçamente
professores, técnicos e cientistas, do que peças como as de nossos foguetes que
se encontram agora na Ucrânia.
Caberia, neste momento, ao
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, à AEB, ao INPE, ao Ministério da
Defesa, com o auxílio da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da
República, prepararem um plano emergencial para salvar esse programa.
Os chineses, que tinham acordos
para a fabricação de armamento com os ucranianos, retiraram, discreta e
rapidamente, nos últimos dias, seu segundo 12322 Bisonte, da classe Zubr - um
gigantesco Hovercraft de desembarque, capaz de transportar, em
água ou terra, sobre colchão de ar, uma brigada de assalto composta de vários
pequenos blindados e de 400 homens - do território ucraniano.
Considerando-se a instabilidade
na Ucrânia, e a perspectiva de um conflito militar com a Rússia, ou de uma
guerra civil, é preciso transferir o que der do Cyclone 4 para o Brasil,
começando pelos cérebros envolvidos no projeto.
Não apenas na área aeroespacial,
mas na fabricação de tanques, navios, mísseis, fuzis, metralhadoras,
existem dezenas de empresas e centenas de especialistas que devem estar
pensando, agora, em como sair da Ucrânia, para preservar seu trabalho e a
sobrevivência de suas famílias.
O MCTI, a ABIMDE, e as Empresas
Estratégicas de Defesa, por meio de nossas representações em Kiev, Varsóvia,
Berlim e Moscou, e do uso de redes sociais em russo e ucraniano, já deveriam
estar tentando contatar e recrutar ao menos parte desses técnicos, e trazê-los
para o Brasil.
Alguém duvida que os homens da
CIA e do FBI que estão dando “assistência” ao novo “governo” ucraniano já não
estão fazendo exatamente isso naquele país?